Por Que Eu Sou Tão Anal?
Por vezes as pessoas perguntam: “Por que o meu amigo, parceiro, pai, chefe é tão anal?”.
De onde vem o termo “anal” e o que significa?
Este termo tem origem em Freud, e tal como muitas das suas ideias permanece fortemente enraizada no nosso “inconsciente colectivo” sem termos a noção das suas origens psicanalíticas.
A teoria da “personalidade retentivo-anal” é uma delas.
Nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” Freud descreve as três fases do desenvolvimento psicossexual na primeira infância: oral (0 a 1 ano), anal (1 a 3 anos) e fálico (3 a 6 anos).
A fase anal coincide com o período do treino do bacio. Nesta fase as crianças apercebem-se pela primeira vez que podem controlar os esfíncteres, assim como a si mesmas e o ambiente.
Pela primeira vez, a criança sente que pode obedecer ou opor-se à vontade dos pais.
A fase anal coincide com o período do treino do bacio.
“Não” é uma palavra muito popular entre os 2-3 anos de idade.
Embora a personalidade retentivo-anal não esteja incluída no DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, tem alguns aspectos em comum com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo da Personalidade:
– Uma grande preocupação com limpeza que se expressa através de lavagens constantes das mãos, extrema ordem e necessidade de controlo.
Estes comportamentos têm como objectivo reduzir a ansiedade.
O que é a Analidade?
Geralmente, quando alguém pergunta: “Por que sou tão anal?”, refere-se à extrema necessidade de controlar as coisas ao seu redor através de uma enorme atenção aos pormenores.
Isto pode ser irritante para os que estão à sua volta, porque esse comportamento estende-se para além do que é considerado razoável, útil ou produtivo.
Francisco, um jovem advogado queixou-se de que a sua colega sénior tinha exigido que ele investigasse todas as teorias possíveis envolvidas num aspecto de um caso, mesmo as consideradas muito improváveis.
Isso obrigava-o a passar todo o fim-de-semana a pesquisar decisões que, na sua opinião, não tinham relação com o caso e eram uma completa perda de tempo.
Referindo-se à sua colega Francisco disse: “ela é tão anal”. Com isso, ele queria dizer que ele a sentia extremamente controladora e ansiosa.
Ao mesmo tempo, as próprias pessoas podem ficar frustradas com a necessidade de controlo e de ficarem excessivamente focadas em detalhes não essenciais, pois sentem-se incapazes de conter essa necessidade ou impulso.
O comportamento “anal” é uma tentativa de controlar a ansiedade.
Joana queria comprar um frigorífico novo. On-line pesquisou pelos melhores modelos. Encontrou um muito bem cotado dentro dos valores que estava disposta a gastar, mas com algumas apreciações negativas.
Passou vários dias a pesquisar os aspectos que tinham sido avaliados negativamente, assim como a procurar outros modelos.
Todos os modelos com boas avaliações apresentavam algumas críticas.
Passado algum tempo, Joana percebeu que estava com medo de tomar uma decisão errada, mas a pesquisa em vez de ajudar a decidir ainda a deixou mais ansiosa.
Em ambos os exemplos, o comportamento “anal” é uma tentativa de afastar a ansiedade criando a ilusão de ordem.
A ansiedade surge da sensação de caos iminente, e o comportamento “anal” é uma tentativa de controlar ou de se defender desse caos.
O que fazer com a analidade?
Francisco, por exemplo, pode sentir que a sua colega está a ser “anal”, mas ela vê o seu próprio comportamento como meticuloso – uma qualidade – e considera a resistência de Francisco como um indício de desleixo e preguiça.
No caso de Joana, ela própria está irritado com as suas tendências anais e gostaria de pura e simplesmente tomar uma decisão e seguir em frente com a vida. Ficaria feliz se alguém decidisse por ela.
Todas as pessoas podem, ocasionalmente ser “anais”.
Se você acha que costuma ser “anal”, aqui estão alguns aspectos sobre os quais deve reflectir:
– Está a acontecer alguma coisa na sua vida que o está a deixar ansioso? A sua “analidade” pode ser uma maneira de controlar essa ansiedade.
– Pergunte a alguém próximo de si se o seu comportamento parece excessivo ou fora de controlo.
– Tente delegar tarefas a outras pessoas e depois deixe que elas determinem a extensão da atenção aos detalhes.
– Considere quais são as consequências de um resultado que é suficientemente bom, mas não perfeito?
Todas as pessoas podem, ocasionalmente ser “anais”.
Quando você ou outra pessoa estiver a ser “anal”, lembre-se de que é uma indicação de que está com dificuldade em controlar a ansiedade.
O comportamento “anal” é uma tentativa de controlar essa ansiedade.
Traduzido/adaptado por Pedro Martins a partir de:
Susan Kolod – “Why am I so anal?”
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