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Déjà Vu - Pedro Martins Psicólogo Clínico Psicoterapeuta

Déjà Vu

Já vos sucedeu terem um “déjà vu”?

É aquela sensação obscura duma situação já conhecida.

Estamos num restaurante e algo ocorre exactamente como recordamos.

O mundo move-se como um bailado que coreografámos, mas a sequência não pode basear-se numa experiência do passado porque nunca entrámos neste restaurante antes.

Então, o que é que se passa?

Infelizmente, não há uma explicação única para o “déjà vu”.

A experiência é curta e ocorre sem avisar, tornando quase impossível um cientista registá-la e estudá-la.

Os cientistas só podem esperar que isso lhes aconteça a eles, o que pode demorar anos.

Não tem manifestações físicas e, nos estudos, é descrita pelo sujeito como uma sensação ou um sentimento.

Dada esta falta de provas sólidas, tem havido imensa especulação ao longo dos anos.

Desde que Émile Boirac introduziu o “déjà vu” como um termo francês que significa “já visto”, mais de 40 teorias tentam explicar este fenómeno.

Mas, os recentes progressos na neuro-imagiologia e na psicologia cognitiva reduzem o campo das hipóteses.

Vejamos três das teorias mais predominantes hoje, usando o mesmo cenário do restaurante para cada uma.

 

Teoria do Processamento Dual

Precisamos de uma ação.

Estamos no restaurante; o empregado escorrega e deixa cair a bandeja.

À medida que a cena ocorre, os nossos hemisférios cerebrais processam um turbilhão de informações:

Os braços agitados do empregado, o seu grito, o cheiro da comida.

Em milissegundos, estas informações entram por várias vias e são processadas num único momento.

Na maior parte das vezes, tudo é registado em sincronia.

 

Émile Boirac introduziu o “déjà vu” como um termo francês que significa “já visto”

 

Porém, esta teoria afirma que um “déjà vu” ocorre quando há uma leve demora nas informações de uma dessas vias.

A diferença nos tempos de chegada leva o cérebro a interpretar a última informação como um acontecimento em separado.

Quando se inscreve sobre o momento já registado, sentimos que já aconteceu antes porque, em certo sentido, aconteceu.

 

Teoria do Holograma

Esta teoria trata de uma confusão do passado em vez de um erro do presente.

Vamos imaginar a toalha de mesa do restaurante.

Quando observamos os quadrados da toalha, uma memória distante emerge da profundeza do cérebro.

Segundo esta teoria, isto acontece porque as memórias são guardadas sob a forma de hologramas.

Nos hologramas, basta um fragmento para vermos a imagem completa.

O cérebro identificou a toalha com uma do nosso passado, talvez da casa da nossa avó.

Mas, em vez de nos lembrarmos que a vimos em casa da avó, o cérebro foi buscar uma antiga memória sem a identificar.

Isso deixa-nos presos à familiaridade mas não à recordação.

Embora nunca tenhamos estado neste restaurante, vimos aquela toalha mas não conseguimos identificá-la.

 

Teoria da Atenção Dividida

A última teoria é a atenção dividida e afirma que o “déjà vu” ocorre quando o cérebro, subliminarmente, assume um ambiente, embora estejamos distraídos com um determinado objeto.

Quando a atenção regressa, é como se já lá tivéssemos estado antes.

Por exemplo, concentrámo-nos num garfo, e não observámos a toalha nem o empregado a deixar cair a bandeja.

Embora o cérebro estivesse a registar tudo na nossa visão periférica, estava a fazer isso para além duma atenção consciente.

Quando, por fim, nos distanciamos do garfo, pensamos que já lá tínhamos estado — e tínhamos — só que não estávamos a prestar atenção.

 

O “déjà vu” não tem manifestações físicas e é descrita pelo sujeito como uma sensação ou um sentimento.

 

Embora estas três teorias partilhem a característica comum do “déjà vu”, nenhuma delas se propõe ser a origem conclusiva do fenómeno.

Mas, enquanto aguardamos que os investigadores e inventores apareçam com novas formas de captar este momento esquivo, podemos estudar esse momento por nós mesmos.

Afinal, muitos estudos do “déjà vu” baseiam-se em relatos diretos, assim, porque não pode ser um dos nossos?

Quando tiverem um “déjà vu”, pensem nele durante algum tempo.

Estiveram distraídos?

Há algures um objeto conhecido?

O vosso cérebro está a agir lentamente?

Ou será outra coisa qualquer?

 

Michael Molina – TED-Ed lessons

Adaptação de Pedro martins a partir da tradução de Margarida Ferreira e revisão de Mafalda Ferreira

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