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Por que algumas pessoas têm tanta dificuldade de admitir os seus erros - Pedro Martins Psicoterapeuta

Por que algumas pessoas têm tanta dificuldade de admitir os seus erros?

Todos cometemos erros com alguma regularidade.

Alguns erros são pequenos, como: “Não, não é preciso pararmos no supermercado, há leite que chegue para o pequeno-almoço”.

Alguns maiores, como: “Não é preciso andarmos a correr; temos tempo de sobra para chegar ao aeroporto e fazermos o check-in tranquilamente”.

Outros com grandes implicações, como: “Eu sei que estava escuro e a chover, mas tenho certeza de que foi este homem que arrombou a casa do outro lado da rua”.

Ninguém gosta de estar errado. É uma experiência emocional desagradável.

A questão é:

Como respondemos quando descobrimos que estávamos errados?

Quando não havia leite suficiente para o pequeno-almoço; quando apanhámos trânsito e perdemos o voo, ou quando descobrimos que devido à nossa identificação um homem inocente foi preso.

Alguns de nós admitimos que estávamos errados e dizemos: “Oops, tu estavas certa. Deveríamos ter comprado leite”.

Alguns de nós insinuamos que estávamos errados, mas não o fazemos explicitamente ou de uma maneira que seja satisfatória para a outra pessoa: “Tínhamos muito tempo para chegar ao aeroporto a horas, o problema foi o trânsito estar invulgarmente caótico. Mas tudo bem, para a próxima saímos mais cedo.

Mas algumas pessoas recusam admitir que estão erradas, mesmo diante de evidências esmagadoras: “Eles libertaram-no devido aos testes de DNA e à confissão do responsável? Ridículo! Tenho a certeza que foi ele; eu vi que foi ele!”

O que é que psicologicamente torna impossível admitir os erros? O Ego

Os dois primeiros exemplos são, provavelmente, familiares para a maioria de nós, porque são respostas típicas aos nossos erros.

Aceitamos a responsabilidade total ou parcialmente (às vezes, muito, muito parcialmente), mas não contrariamos os factos.

Não alegamos que havia leite suficiente quando não havia, ou que não estávamos atrasados para ir para o aeroporto.

Mas o que leva as pessoas a reagir contra os factos; a não admitir que estavam erradas em qualquer circunstância?

O que é que psicologicamente torna impossível admitir que estavam erradas, mesmo quando é óbvio que estavam?

E porque é que sistematicamente não admitem que estavam erradas?

A resposta está relacionada com o seu ego.

Algumas pessoas têm um ego tão frágil, uma auto-estima tão baixa, uma constituição psicológica tão fraca, que admitir que cometeram um erro ou que estavam erradas é insuportável para os seus egos.

Aceitar que estavam errados, lidar essa realidade, seria tão catastrófico psicologicamente, que a mente faz algo notável para evitar isso:

– Literalmente, distorce a percepção da realidade.

Dessa forma protegem o ego frágil, mudando os próprios factos na sua mente, para que não estejam errados ou sejam culpados.

Nesse sentido, fazem afirmações do tipo:

“Eu verifiquei e havia leite suficiente, alguém deve ter bebido”.

Quando lhes é dito que ninguém esteve em casa depois de saírem, logo, ninguém poderia ter bebido o leite, eles insistem:

“Alguém deve ter bebido, porque eu verifiquei e havia leite”.

As pessoas que repetidamente exibem esse tipo de comportamento são, por definição, psicologicamente muito frágeis.

A rigidez psicológica que apresentam não é um sinal de força, antes uma indicação de fraqueza.

Aliás, a rigidez psicológica, é, regra geral, sinal de fragilidade.

Estas pessoas não decidem manter-se firmes; são obrigadas a fazer isso para protegerem os seus egos frágeis.

Para admitir os nossos erros é necessária uma certa capacidade emocional.

Normalmente ficamos aborrecidos quando erramos, mas superamos isso.

Entre os que superam os erros, temos uns que o fazem com muita dificuldade: os perfeccionistas.

Mas quando as pessoas são constitucionalmente incapazes de admitir que erraram, quando não conseguem tolerar a ideia de que podem cometer erros, é porque têm um ego demasiado frágil para superar o sentimento de que falharam.

Daí terem que deformar a própria percepção da realidade e contestar factos óbvios no sentido de se defenderem de forma rígida contra a realidade.

Traduzido/adaptado por Pedro Martins a partir de:

Why It’s So Hard for Some People to Admit They Were Wrong – Guy Winch

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