O Sintoma em Psicoterapia
Em psicoterapia o sintoma tem um estatuto diferente daquele que vulgarmente lhe é atribuído.
O que é um sintoma?
Se um paciente se queixa de depressão, falta de desejo sexual ou de incapacidade de pôr termo a uma relação onde é vítima de um parceiro violento, qual é o sintoma?
O sintoma não é necessariamente aquilo de que se tem consciência.
Talvez seja mais apropriado chamar-lhe queixa, que não deve ser confundida com sintoma.
Segundo Mezan, “a queixa” traduz uma percepção que o indivíduo tem sobre si mesmo, uma “teoria” a seu respeito que, como qualquer produção psíquica, deve ser tratada com respeito.”
No entanto, nada indica que essa “teoria” esteja de acordo com os “reais” significados.
Por outro lado, o sintoma, por norma, apresenta-se como absurdo; o paciente não consegue perceber a sua razão de ser nem de onde ele provém.Se soubesse, provavelmente, não recorreria a um psicólogo.
O sintoma é sentido como absurdo porque encontra-se desconectado da restante vida mental.
Perante a impossibilidade de estabelecer essa conexão o sujeito desenvolve uma teoria para dar sentido ao seu sintoma.
Factos improváveis, mas plausíveis, são usadas para explicar/justificar o sintoma.
Portanto, numa psicoterapia, perante o sintoma, não deve ter-se a mesma atitude que a medicina.
O médico procura aliviar ou remover o sintoma que perturba a saúde do paciente. Neste caso o paciente não é “sujeito do seu mal”, mas “vítima”.
Do psicólogo espera-se que estabeleça as condições para que o paciente, ao seu ritmo, possa criar novas conexões que lhe permitam uma compreensão mais profunda da situação e de si, e ao mesmo tempo, o extinguir dos sintomas.
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