O Papel do Toque na Diminuição da Dor
Quando os parceiros se tocam, a respiração e os batimentos cardíacos sincronizam-se e a dor diminui.
Esta é uma conclusão dum estudo onde se verificou que:
– Quando um parceiro empático segura a mão da mulher com dor, os ritmos cardíacos e respiratórios sincronizam-se e a dor dissipa-se.
“Quanto mais empático o parceiro e mais forte o efeito analgésico, maior a sincronização entre os dois quando se tocam”, refere Pavel Goldstein.
O estudo de 22 casais, publicado na revista Scientific Reports é o mais recente de um conjunto crescente de pesquisas sobre a “sincronização interpessoal”:
– Fenómeno no qual os indivíduos começam a reproduzir aspectos fisiológicos daqueles com os quais convivem.
Os cientistas sabem há muito tempo que as pessoas inconscientemente sincronizam os seus passos com a pessoa com quem caminham ou ajustam a sua postura para espelhar as de um amigo durante uma conversa.
Estudos recentes também mostram que quando as pessoas assistem a um filme emotivo ou cantam juntas, os batimentos cardíacos e os ritmos respiratórios sincronizam-se.
E quando os casais estão simplesmente na presença um do outro, os seus padrões cardiorrespiratórios e de ondas cerebrais sincronizam-se.
A ideia para o estudo surgiu a Goldstein depois de testemunhar o nascimento da sua filha, agora com 4 anos.
“A minha esposa estava com dores, e tudo que eu conseguia pensar era: ‘O que é que eu posso fazer para ajudá-la?’
Eu peguei na mão dela e pareceu ajudar”, lembra ele.
“Eu queria testá-lo em laboratório:
Pode-se realmente diminuir-se a dor com o toque e, em caso afirmativo, como?”
Quando os parceiros se tocam, a respiração e os batimentos cardíacos sincronizam-se e a dor diminui.
Goldstein recrutou 22 casais heterossexuais com um relacionamento longo, com idades entre 23 e 32 anos.
Fê-los passar por uma série de testes com o objectivo de reproduzir o cenário da sala de parto.
Aos homens foi atribuído o papel de observador; as mulheres o alvo da dor.
Ao mesmo tempo que os instrumentos mediam os ritmos do coração e da respiração, eles sentaram-se:
juntos sem se tocar; sentados juntos de mãos dadas; ou sentados em quartos separados.
Eles repetiram os três cenários enquanto a mulher era submetida a uma leve dor provocada por calor, no antebraço, por 2 minutos.
Tal como em investigações anteriores, o estudo mostrou casais fisiologicamente sincronizados em algum grau apenas quando sentados juntos.
Mas quando ela foi submetida à dor e ele não pode tocá-la, essa sincronização foi cortada.
Quando ele foi autorizado a segurar a mão dela, os ritmos voltaram a sincronizar-se e a dor diminuiu.
“Parece que a dor interrompe totalmente essa sincronização interpessoal entre casais”, disse Goldstein. “Com o toque restabelece-se a sincronização.”
A pesquisa de Goldstein mostrou que, quanto mais empatia o homem mostrava pela mulher (medida noutros testes), mais a dor diminuía durante o toque.
Quanto mais fisiologicamente sincronizados eles estavam, menos dor a mulher sentia.
Ainda não está claro se a diminuição da dor causa o aumento da sincronicidade ou vice-versa.
“Pode ser que o toque seja uma ferramenta para comunicar empatia, resultando num efeito analgésico”, referiu Goldstein.
São necessárias mais pesquisas para descobrir como o toque de um parceiro diminui a dor.
Goldstein suspeita que a sincronização interpessoal pode desempenhar um papel, possivelmente por afectar uma área do cérebro chamada córtex cingulado anterior, que está associada à percepção da dor, empatia, função cardíaca e respiratória.
Quanto mais empático o parceiro e mais forte o efeito analgésico.
O estudo não explorou se o mesmo efeito ocorreria com casais do mesmo sexo, ou o que acontece quando o homem é sujeito à dor.
Goldstein mediu a actividade das ondas cerebrais e planeia apresentar esses resultados num estudo futuro.
Ele espera que a pesquisa ajude a dar credibilidade científica à noção de que o toque pode aliviar a dor.
Por enquanto, ele tem alguns conselhos para o parto:
– Esteja pronto e disponível para segurar a mão da sua parceira.
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