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Sentimentos de Culpa – O Passado é agora

Megan, quarenta e um anos, não consegue lidar com os sentimentos de culpa pelo divórcio dos pais,  devido ao terríveis comportamentos que teve depois do seu irmão ter morrido subitamente, quando ela tinha quatro anos e o irmão dois.

Por um lado, Megan sabe que estava a sofrer devido à morte do irmão, e que, numa idade tão tenra, o sofrimento manifestou-se através de horrendos ataques raiva mas, por outro lado, ela acredita que as suas birras e acessos de raiva causaram tanto stress que o pai saiu de casa para viver com a sua assistente que não tinha filhos.

A lógica da situação é clara para Megan. A forma do pai lidar com a morte do seu irmão foi deixar a família e procurar refúgio noutra vida. Mas a compreensão de Megan não altera o seu sentimento de profunda responsabilidade pela depressão subsequente da mãe. Megan acredita que se ela fosse mais solidária durante aquele período sensível, os seus pais permaneceriam casados ​​e mãe não teria ficado deprimida.

Terapeuta – “Talvez isso a ajude a pensar que poderia ter feito algo para mudar o rumo da história. No entanto, talvez seja preferível sentir-se completamente devastada com o facto de o seu irmão ter morrido, os seus pais se terem divorciado e sua mãe ter ficado deprimida.”

Digo-lhe, salientando que o sentimento de culpa é muitas vezes um substituto do sentimento de desamparo.

Megan – “Sim, mas isso não muda o facto de que eu vivo a minha vida sentindo-me horrível comigo mesma pelo meu comportamento.”

Megan explica-me que na sua mente, a imagem negativa que tem de si própria, decorre desse tempo extremamente traumático da sua vida.

Terapeuta – “É bom, de certa forma, ser capaz de fortalecer a sua debilitada auto-imagem, considerando a sua longa e extensa vida, onde você fez tantas coisas, boas e más.”

Refiro, lembrando-a que, embora a morte do seu irmão tenha sido um momento muito significativo na vida dela, ela fez muitas outras coisas, como casar-se, construir uma carreira, ter os seus próprios filhos, e se ela puder interiorizar esses eventos, podem contribuir para consolidar o sentimento de si mesma.

Megan – “É difícil ver as coisas dessa forma porque eu vivo com medo, sabendo que a vida pode mudar repentinamente.”

Terapeuta – “Sim, administrar essa ansiedade, que para você está tão viva, é um enorme desafio.”

Refiro, lembrando-a que, a um certo nível, todos nós percebemos a incerteza da vida, mas muitos de nós, somos capazes de saber isso sem que esse facto nos afete tão profundamente.

Megan – “Eu sei que vivo no passado. Eu sei que meu irmão morreu há muitas décadas. Eu sei que é particularmente difícil para mim encontrar a paz nisso. Você é a única pessoa com quem posso conversar porque sei que o meu marido, os meus amigos e a minha família não entendem as minhas ansiedades.”

Megan sublinha que se sente sozinha com seus sentimentos, em parte, porque ela não encontra legitimidade neles.

Terapeuta – “É difícil ter sentimentos que vêm tão lá de trás na sua vida. É difícil para você sentir que é onde está agora.”

Digo-lhe, tentando ajudá-la a aceitar que neste momento a sua mente está presa lá atrás.

Megan – “Sim, eu queria que as coisas fizessem mais sentido para mim…

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

A partir de “Childhood guilt” – Shirah Vollmer

dores do crescimento psicólogoclínico

As dores do Crescimento

As dores do crescimento

Luke, vinte e quatro anos, faz duas sessões por semana há seis anos. Ele dedicou-se, com o apoio financeiro dos pais, a “trabalhar em si mesmo”. Nunca chega atrasado; nunca se esquece da sessão, apesar das várias alterações de horário devido ao meu trabalho e à escola dele.

Ao longo dos últimos seis anos ele “odiou-me”, “amou-me” e sentiu que eu era “irritante e muito maternal” com ele.

Sentimentos positivos, sentimentos negativos, sentimentos neutros não parecem mudar o seu compromisso com o nosso processo. Ele quase desistiu do ensino secundário, já que mal conseguia sair da cama para ir à escola, mas agora está a estudar medicina, em breve vai ajudar outros que precisam dele. Os pais disseram-me que temiam que, com tanta psicoterapia, ele quisesse ser psiquiatra, como se isso fosse uma má escolha. Para sorte deles, ele está a caminho de ser cirurgião.

Como ele diz: “Tenho pouco interesse em falar com as pessoas. Eu odiaria ter que lidar com pessoas como eu que berram e gritam consigo, como se fosse a mãe deles.” Eu quase senti que era um pedido de desculpa por tempos muito difíceis que passámos juntos, mas ele não tem razão para remorsos. Nós concordámos em trabalhar juntos e empenhados numa luta honesta, e a frustração e a raiva, são inevitáveis. Ambos tivemos comportamentos que nos fazem desejar que tivéssemos sido mais ponderados e controlados.

“Porque é que eu quero ver você todos os dias”, Luke pergunta-me de uma maneira doce, cativante e desafiadora. “Você está a avançar e com isso surgem as dores do crescimento”, digo-lhe, explicando que ele agora está no meio de um grande crescimento emocional, e a tentar decidir entre tantos encontros com raparigas, com quem ele deseja ter um relacionamento mais sério a longo prazo. Com um enorme sorriso, ele diz: “Bolas! Obrigado Dra. Vollmer, fico tão feliz de ouvir isso.”

De repente, eu enquadrei a dor de Luke como um meio para um fim mais profundo, e de repente ele deixou de se sentir mal com a sua indecisão, para se sentir bem quanto à forma como estava a considerar as coisas. Luke teve muitos problemas com os relacionamentos. Não tanto por as raparigas não gostarem dele, mas por não aprofundar os seus sentimentos em relação a elas. Consequentemente, cresceu insatisfeito com a maioria das suas experiências íntimas.

Ao explorarmos os seus próprios desejos num relacionamento, ele tornou-se mais cauteloso ao entrar em assuntos amorosos quando se tratava de gostar mais profundamente de uma rapariga.

Agora, Luke tem que tolerar a solidão da qual se defendeu através de constantes relacionamentos insatisfatórios.

A sua vontade de me ver diariamente é reflexo do seu novo desafio e da gestão desses sentimentos difíceis. Ao termos compreendido a necessidade de Luke me querer ver com mais frequência, e de a pensarmos à luz do seu crescimento emocional, não foi necessário aumentar o número de sessões.

 

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

A partir de “Why do I want to see you everyday” – Shirah Vollmer

bullying

Bullying – Quando o pai é um “Bully”

Bullying – O que acontece quando o seu pai é um “Bully”? Isso significa que você será intimidado no recreio? Ou, isso significa que você vive uma vida com medo da humilhação? Ou, isso significa que o medo domina a sua existência de tal forma que se sente sem vida?

Estas são as perguntas que me coloco enquanto penso em Sue, trinta e três anos, tímida e com um pensamento fragmentado. As suas capacidades para resolver problemas estão muito limitadas.

Diz-me constantemente que não tem muito por onde escolher na sua vida, mas olhando de fora, parece que ela tem mais oportunidades do que a maioria das pessoas jamais terá.

O “pai-bully” é um tipo particular de abuso infantil que, por um lado, é subtil, na medida em que não há provas para ninguém, além da mãe, de que esse abuso está a ocorrer.

O “pai-bully” deixa claro que Sue não é capaz de pensar por ela própria, e assim deve seguir aquilo que o pai acha que é melhor para ela. Como resultado, Sue, não só se sente inibida, como não faz ideia de que se sente inibida de viver. Ao mesmo tempo, não alimentou suficientemente a mente para que as ideias possam romper.

É triste, mas há esperança de que na terapia Sue possa perceber que este obstáculo a impede de crescer e, em seguida, ultrapassá-lo.

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

A partir de “When Your Father Is A Bully” – Shirah Vollmer

Pensamento mágico. Pedro Martins Psicólogo clínico Psicoterapeuta

Pensamento Mágico

O termo pensamento mágico designa o pensamento que se apoia numa fantasia de omnipotência para criar uma realidade psíquica …

Identificação Projectiva. Pedro Martins - Psicólogo Clínico Psicoterapeuta

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Em situações desconfortáveis com outra pessoa, por vezes é difícil saber de onde vem o desconforto, de nós ou do outro. …

Adoecer Mentalmente. Pedro Martins Psicólogo Clínico Psicoterapeuta

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