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Mães emocionalmente indisponíveis

Mãe Emocionalmente Indisponível

Mãe Emocionalmente Indisponível

“Acho que literalmente ansiava por amor e atenção quando era criança.

Quanto mais a minha mãe se afastava, mais frenética me tornava. Comecei a comportar-me mal porque sabia que assim ela me daria atenção, mesmo que isso significasse ser castigada.

Parece estranho, mas foi o que eu fiz. Ao não conseguir ter o amor, lutei para ter a raiva dela. Pelo menos, naqueles momentos, ela estava lá.” – Natália

Outra mulher descreve o que fazia para ter a mãe emocionalmente presente:

“Quando eu era muito jovem percebi que a minha mãe gostava de fazer de enfermeira.

Isso fazia com que se sentisse importante e reconhecida, coisa, que eu acho, não acontecia no seu dia-a-dia.

Alguns dos momentos mais felizes da minha infância estão entrelaçados com bronquite, acredite ou não.

Quando eu estava doente, ela tinha de me incluir na interminável lista de tarefas das quais ela se queixava constantemente.

Mas na maior parte do tempo, ela ignorava-me.”

 

O anseio por amor e atenção da mãe emocionalmente indisponível é a marca registada desta filha

 

Identificar uma mãe emocionalmente indisponível

Os filhos destas mães foram emocionalmente negligenciados, embora possam ter dificuldade em reconhecê-lo, pois as suas necessidades externas não foram apenas satisfeitas adequadamente, mas também, consideradas com atenção.

Estas mães tratam das coisas de forma escrupulosa; as casas impecavelmente organizadas e as crianças bem aprumadas.

Embora possam ser muito boas a tratar da casa e muito activas nas suas comunidades, elas não prestam atenção às necessidades emocionais dos filhos, nem aos seus sentimentos.

Estas mães podem, elas próprias ter uma vinculação evitante ou, simplesmente, não gostarem das exigências da maternidade.

Alexandra refere:

“A minha mãe não respondia às minhas necessidades e quanto mais carente me sentia, menos atenção me dava.

Ela via o choro como um sinal de fraqueza e acusava-nos disso.

Cedo aprendi a pedir pouco porque era realmente melhor quando não fazia exigências.

O meu irmão e eu reagíamos a ela da mesma forma, e só na minha adolescência, quando vi as mães dos meus amigos a agirem é que percebi o quanto a minha mãe era fria.

Eu fiz psicoterapia durante alguns anos e ainda tenho dificuldade em pedir ajuda, carinho ou qualquer outra coisa. Tenho 45 anos e ainda sou muito defensiva.”

 

Como uma mãe emocionalmente indisponível o pode afectar

Ao contrário da mãe controladora ou de uma pessoa com traços narcísicos que deliberadamente faz do filho um satélite a circular à sua volta, a mãe emocionalmente indisponível faz isso sem querer.

Na verdade ela só quer ter uma relação a um nível superficial.

 

Parece estranho, mas foi o que eu fiz. Ao não conseguir ter o amor, lutei para ter a raiva dela. Pelo menos, naqueles momentos, ela estava lá.” – Natália

 

O anseio por amor e atenção da mãe é a marca registada desta filha, e ela lidará com isso eliminando as suas emoções e necessidades emocionais, consciente e inconscientemente, ou tornando-se subordinada a esse anseio.

Aqueles que se revestem de armaduras sofrem de problemas de confiança, dificuldade em manter uma ligação e problemas para identificar sentimentos, e têm um estilo de vinculação evitante.

Aqueles que estão subordinados pelos seus anseios continuam a tentar chamar à atenção das suas mães, por vezes, recorrendo a substitutos pouco saudáveis para preencher o vazio nos seus corações.

Reconhecer a negligência emocional que se sofreu é, frequentemente, um caminho longo, como explicou uma filha de 43 anos:

“Quando eu ouvia as palavras ‘negligência emocional’, imediatamente pensava em alguém que era pobre e morava numa barraca, porque eu pensava que negligência emocional era parte de não ter coisas suficientes.

Mas agora percebo perfeitamente que se pode ser emocionalmente pobre e viver numa casa linda, com piscina e court de ténis.

A minha mãe nunca me deu uma palavra de apoio ou validação e levei vinte anos para perceber que aquilo que sentia em relação à minha infância era real.

Você pode estar esfomeado com o frigorífico cheio de comida e negligenciado com um armário cheio de roupas novas e dinheiro para gastar.

Demorei muito tempo para conseguir acreditar em mim mesma.”

 

Reconhecer a negligência emocional que se sofreu é, frequentemente, um caminho longo.

 

Enredado na confusão

Um dos enigmas para as filhas de mães emocionalmente indisponíveis é o intrigante fenómeno de como a mãe pode estar fisicamente presente e completamente ausente do ponto de vista emocional.

Para a criança pequena, isto é mentalmente confuso e, à medida que a criança amadurece, ela pode permanecer assim e desenvolver uma profunda insegurança.

Provavelmente, perguntará se há algo errado com ela. Ela é demasiado carente ou exigente? Está pedindo demais?

Ou pode perguntar se está apenas a inventar. Essas perguntas podem atormentar uma filha durante a vida adulta, como explicou Laura:

“Uma parte de mim queria que a minha mãe fosse má de maneiras que pudessem ser vistas – barafustando e gritando ou talvez até mesmo bater-me, mas isso nunca aconteceu.

À superfície, ela parecia ser uma óptima mãe e, acredite em mim, toda a gente pensava assim.

Mas ela nunca realmente me ouviu ou se importou verdadeiramente comigo.

 

A minha mãe nunca me deu uma palavra de apoio ou validação e levei vinte anos para perceber que aquilo que sentia em relação à minha infância era real.

 

Ela era inacessível e fria. Eu lutei durante anos, pensando que a culpa, de alguma forma, era minha.

Quando me casei, entrei em choque quando encontrei a família do meu marido pela primeira vez.

Francamente pensei que a mãe dele estava a representar. Mas ao longo do tempo, percebi que aquilo que eu estava a ver eram demonstrações genuínas de amor e carinho. Percebi que, afinal, eu não era louca.”

 

Passos para a cura

A descoberta é o primeiro passo e implica reconhecer a forma como a sua mãe a tratava e, em seguida, começar a ver como você se adaptou a ela.

Comportamentos que você sempre considerou serem partes inatas da sua personalidade, muitas vezes revelam ser o resultado de tentar lidar com o ambiente emocional da sua família de origem.

Independentemente da forma como reagiu à indisponibilidade emocional é importante ter em atenção o peso de certos aspectos:

– Confiar nos outros é um problema na sua vida

– O grau em que você deseja ou desdenha ligações próximas

– Se você tende a isolar-se e a minimizar a importância dos relacionamentos

– Se você está sempre alerta e temerosa num relacionamento e tem problemas com limites saudáveis

– O grau em que você é emocionalmente inteligente e consegue identificar e agir de acordo com os seus sentimentos

– Se você está a repetir o padrão, sentindo-se atraído por amigos e parceiros emocionalmente indisponíveis

 

A recuperação é possível, embora seja preciso tempo e esforço.

A melhor opção é o acompanhamento por um terapeuta experiente.

A boa notícia é que você não precisa permanecer para sempre aquela menina à espera da mãe (que não veio nem virá). Existem outras formas de sair daquele quarto da infância.

 

Traduzido/adaptado por P

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