Compreender as coisas de forma Racional vs. Emocional
É necessário distinguir entre saber algo sobre nós mesmos de forma racional e emocional
Conhecer a nossa própria mente é, na melhor das hipóteses, difícil.
É, até, extraordinariamente difícil compreender coisas básicas sobre nós e o que está por trás delas.
Coisas que condicionam as nossas vidas, e, das quais, esperamos um dia libertar-nos.
Em certos momentos é, verdadeiramente desanimador, concluir que saber uma coisa sobre nós, ter consciência dela, não é suficiente para que ela se altere.
Uma compreensão racional do passado, apesar de correcta, por si só não é suficiente para nos libertar.
Podemos, por exemplo, saber do ponto de vista racional de que somos tímidos junto de figuras de autoridade porque o nosso pai era uma figura fria e distante, e que não nos apoiava nem dava o amor que precisávamos.
Conseguir chegar até esta conclusão pode ser o trabalho demorado e, tendo chegado, poderíamos esperar que os nossos problemas com a timidez e a autoridade diminuíssem.
Mas, na nossa mente, infelizmente, as coisas não são assim tão simples.
Uma compreensão racional do passado, apesar de correcta, por si só não é suficiente para nos libertar.
Para isso, temos de olhar de forma aprofundada o que se passou connosco e o que suportámos.
Precisamos dar mais um passo e compreender as coisas do ponto de vista emocional.
Teremos que contactar com um conjunto de episódios do passado, nos quais os problemas com os nossos pais e as questões da autoridade se originaram.
Temos de permitir recordar certos momentos que devido à sua intensidade foram remetidos para longe na nossa memória.
É preciso encontrar, contactar e escutar emocionalmente partes nossas.
Não basta saber que tivemos um relacionamento difícil com o nosso pai, é preciso contactar com os sentimentos associados à situação.
Sabemos que pensar racionalmente é importante – mas, por si só, dentro do processo terapêutico, não é suficiente para resolver os nossos problemas psicológicos.
Há uma diferença fundamental entre reconhecer que éramos tímidos enquanto crianças e vivenciar o que era sentir-se intimidado, ignorado e com receio de ser rejeitado ou ridicularizado.
É diferente saber, de uma maneira abstracta, que a nossa mãe não esteve muito focada em nós quando éramos pequenos e re-conectarmos com o que sentíamos quando tentávamos partilhar algumas das nossas necessidades com ela e não conseguíamos.
A psicoterapia permite reviver certos sentimentos. Só quando estamos em contacto com os sentimentos é que podemos corrigi-los com a ajuda das nossas capacidades – agora mais maduras – e, assim, abordar os problemas reais na nossa vida actual.
É preciso encontrar, contactar e escutar partes nossas – talvez pela primeira vez – para que possam ser ao mesmo tempo tranquilizadas e revigoradas.
É com base neste tipo de conhecimento emocional arduamente conquistado, e não no seu tipo racional, que podemos encontrar uma forma de resolver os nossos problemas internos.
Traduzido/adaptado por Pedro Martins
a partir de “Knowing things intellectually vs. knowing them emotionally”
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