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O segredo da felicidade pode incluir emoções desagradáveis

A pesquisa recente contradiz a ideia de que se deve continuamente procurar prazer para encontrar a felicidade.

De acordo com pesquisas publicadas pela American Psychological Association, as pessoas podem ser mais felizes quando se permitem sentir certas emoções, mesmo que essas emoções sejam desagradáveis, como a raiva ou o ódio.

“A felicidade é mais do que sentir prazer e evitar a dor.”

A felicidade é ter experiências que sejam significativas e valiosas, incluindo as emoções que você acha que são as mais adequadas de se ter “, refere Maya Tamir.

Todas as emoções podem ser positivas nuns contextos e negativas noutros, independentemente de serem agradáveis ou desagradáveis”.

Um estudo multi-cultural que incluiu 2.324 estudantes universitários de oito países: Estados Unidos, Brasil, China, Alemanha, Gana, Israel, Polónia e Singapura, publicado no Journal of Experimental Psychology:

– foi o primeiro a encontrar uma relação entre a felicidade e permitir-se experienciar certas emoções, mesmo quando essas emoções são desagradáveis.

De uma maneira geral os participantes queriam experimentar mais emoções agradáveis do que desagradáveis, mas nem sempre era assim.

Os participantes foram avaliados sobre as emoções que queriam sentir e as emoções que realmente sentiam nas suas vidas.

Também avaliaram a sua satisfação com a vida e os sintomas depressivos.

Os participantes que experimentaram mais as emoções que desejavam sentir apresentavam maior satisfação e menos sintomas depressivos, independentemente de as emoções serem agradáveis ou desagradáveis.

No entanto, são necessárias mais pesquisas para testar se o experienciar das emoções que se desejam sentir realmente influencia a felicidade ou se está meramente associado a ela.

O estudo avaliou apenas um certo número de emoções desagradáveis, que incluem o ódio, a hostilidade, a raiva e o desprezo.

Pesquisas futuras devem testar outras emoções desagradáveis, como o medo, a culpa, a tristeza ou a vergonha, refere Tamir.

Todas as emoções podem ser positivas nuns contextos e negativas noutros.

As emoções agradáveis que foram examinadas no estudo incluíram a empatia, o amor, a confiança, a paixão, o contentamento e o entusiasmo.

Pesquisas anteriores mostraram que as emoções que as pessoas desejam experienciar estão ligadas aos seus valores e normas culturais, mas essas relações não foram examinados directamente nesta pesquisa.

O estudo pode esclarecer as expectativas irrealistas que muitas pessoas têm acerca dos seus próprios sentimentos.

“Nas culturas ocidentais, em particular nos Estados Unidos, as pessoas querem sentir-se constantemente muito bem.

Mesmo que se sintam bem a maior parte do tempo, continuam a pensar que deveriam sentir-se ainda melhor, o que as pode (no geral) tornar menos felizes.

Article: The Secret to Happiness: Feeling Good or Feeling Right?, Maya Tamir, PhD, The Hebrew University of Jerusalem; Shalom H. Schwartz, PhD, The Hebrew University of Jerusalem and National Research University-Higher School of Economics; Shige Oishi, PhD, University of Virginia; and Min Y. Kim, PhD, Keimyung University; Journal of Experimental Psychology: General, published online Aug. 14, 2017.

psicoterapia depressão

A Depressão e a impossibilidade de expressar a raiva

Às vezes somos varridos por um clima de tristeza que parece não ter nenhuma causa.

Acordamos desanimados e apáticos. Falta-nos energia e um sentido.

As coisas perdem o sabor e os menores desafios tornam-se incontestavelmente pesados.

Lutamos para tentar ver sentido em qualquer coisa.

Estamos – como os médicos dizem – num estado de depressão severa.

A depressão pode estar relacionada com uma raiva que não encontrou forma de se expressar.

Uma das descobertas sobre a depressão foi encontrada em trabalhos de psicanálise.

Segundo esses  estudos a depressão pode não estar unicamente relacionada com a tristeza.

Mas ser uma espécie de raiva que não tem sido capaz de encontrar forma de expressão e nos deixa tristes com tudo e com todos.

Quando, na verdade, estamos apenas irritados com certas coisas e pessoas específicas.

Se ao menos pudéssemos entender a nossa decepção e raiva mais intimamente poderíamos, eventualmente, recuperar a nossa paz.

Como é possível estarmos profundamente zangados e ainda assim não conhecermos as causas ou o sentido do nosso aborrecimento?

No entanto, essa falta de autoconhecimento não é, em termos de nosso funcionamento mental, inteiramente surpreendente ou anómala.

Nós somos endemicamente maus para perceber a origem e a natureza de muitos dos nossos sentimentos, e não apenas no que diz respeito à tristeza e à raiva.

Mas há uma razão mais forte, pela qual podemos perder o contacto com a nossa raiva:

– fomos ensinados, provavelmente desde a infância, que não é muito agradável estar com raiva.

A raiva viola a imagem de nós mesmos como pessoas gentis e solidárias.

Pode ser muito doloroso e culpabilizante reconhecer que podemos sentir-nos furiosos e vingativos, principalmente, em relação às pessoas que amamos.

O que nos irrita também pode ser considerado absurdo.

Há pessoas que nunca se atreveram a levantar as suas vozes e amargamente tiveram de engolir as mágoas.

Talvez tenhamos sido feridos pelo tipo de coisa que pode ser vista como “insignificante” e que aprendemos a não prestar atenção porque nos imaginamos fortes e acima de sermos afectados por pequenas coisas.

Por fim, podemos não conseguir ficar zangados porque à nossa volta não assistimos às vantagens da expressão da raiva.

Podemos associar a palavra à destruição, a uma loucura tão perigosa quanto contraproducente.

Ou então vivemos muito tempo rodeado de pessoas que nunca se atreveram a levantar as suas vozes e amargamente tiveram que engolir as mágoas.

Não é a existência per se que nos deixou em baixo, mas alguns eventos particulares e actores cuja identidade perdemos de vista.

No luto transformamos a tristeza ilimitada e inominável numa dor concreta

O caminho para sair desse tipo de depressão é perceber que a alternativa não é a alegria, mas o luto.

O luto é uma palavra útil para indicar um tipo focalizado de sofrimento sobre um tipo identificável de perda.

Ao estarmos “enlutados”, transformamos a tristeza ilimitada e inominável numa dor muito mais específica:

– uma dor sobre o pai que não estava lá para nós, sobre o irmão que nos humilhou, o amante que nos traiu, o amigo que mentiu.

Não passa necessariamente por sair e confrontar estas pessoas (algumas delas podem até já estar mortas), mas reflectir sobre o que aconteceu e tomar consciência da dimensão da nossa raiva e do fardo que ela representa.

É possível que isso implique levantar alguma poeira sobre certos relacionamentos e episódios na nossa mente, mas rapidamente a vida como um todo se torna mais manejável e esperançosa.

Traduzido/Adaptado por Pedro Martins

a partir de Alain de Botton

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