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Vinculação Segura e Insegura

Vinculação segura e Insegura

Muito do que somos resulta da forma como – tipo de vinculação – fomos criados na infância.

Apego é um termo definido pelo psiquiatra e psicanalista John Bowlby, que analisou as carências das crianças que ficaram órfãs na 2ª Guerra Mundial.

Bowlby afirmou que a nossa necessidade de apego não é secundária à alimentação, como era defendido na altura.

Constatou que a forma como fomos cuidados por certas figuras de referência se reflecte nos sentimentos de segurança.

Os cuidados físicos, emocionais e mentais vão mudando ao longo das fases de desenvolvimento.

Uma vinculação segura, geralmente, é considerada concluído aos 18 meses.

É por isso que hoje se considera que a licença de maternidade e paternidade deve ter no mínimo a duração de um ano.

A vinculação é uma necessidade básica determinada pela espécie.

Precisamos de amor, amparo e alimentação.

Dependendo da forma como esses cuidados são prestados, adquirimos resistência à adversidade ou ficamos vulneráveis, o qual é um factor de risco muito importante no que diz respeito à possibilidade de sofrer transtornos mentais a partir da adolescência.

Há vinculações saudáveis e patológicas.

A vinculação segura é aquela nos torna resilientes.

Não significa que devemos estar todo o dia agarrados à criança. Pelo contrário, deve promover-se a sua autonomia de acordo com as fases; em cada idade a criança precisa de um tipo diferente de relação afectiva e cognitiva.

A vinculação é uma necessidade básica determinada pela espécie.

Os transtornos de personalidade estão intimamente relacionados com o nosso modo de vida.

O estilo parental influencia muito. Se uma criança é criada numa vinculação segura, a probabilidade de ter uma doença mental é baixa.

Uma vinculação saudável promove autonomia pessoal. Em cada momento, temos que nos separar um pouco dos nossos filhos para que possam explorar e relacionar-se com o mundo.

O excesso de preocupação – por exemplo, a sobreprotecção leva a uma vinculação insegura e com menor resistência à adversidade.

É o mal da sociedade moderna; está relacionado com transtorno da personalidade limite (borderline).

Quando os pais são muito protectores, na adolescência os filhos fazem rupturas muito marcadas, como forma de os castigar.

A outra vinculação que favorece o transtorno mental é a vinculação insegura evitante, que é completamente ao contrário: pais excessivamente desapegados.

A criança é separada ainda muito jovem, e o que é importante é a rectidão.

É um apego que está relacionado a figuras de paternas muito poderosas.

A vulnerabilidade tende para a psicose, porque os filhos são ensinados a confiar apenas em si próprios, num mundo hostil e persecutório, onde mostrar afectos é considerado uma fraqueza.

É um apego que favorece o individualismo e a pressão para triunfar. São distúrbios mais próximos das questões narcísicas.

O mais tóxico de todos é a ausência de relações de vinculação. O que chamamos de apego desorganizado. Maus tratos, abuso, violência física e colégios muito rígidos.

Essas crianças apresentam patologias desde muito cedo.

São crianças do género psicopata; aqueles que torturam o gato, que maltratam outras crianças.

Se não há vinculação, não há empatia.

Excertos da entrevista de Diego Figuera ao El País

agorafobia

Etiologia da Depressão e da Agrofobia à luz da Vinculação

Depressão

A Teoria da Vinculação poderá ser de muita relevância para a compreensão da etiologia da depressão, como Bowlby propôs.

Experiências de perdas na infância, separação e rejeição pelos pais ou pelo cuidador poderão levar ao desenvolvimento de modelos internos de representação insegura. Representações cognitivas internas do self como não-amado/não-valorizado e figuras de vinculação que não fornecem amor e não são confiáveis pela criança, são consistentes com parte da tríade cognitiva da depressão de Beck.

Os tipos de vinculação são importantes na previsão de sintomas depressivos na adolescência. Crianças com vinculações inseguras têm maior prevalência de sintomas depressivos, comparativamente com crianças com uma vinculação segura.

Um estudo realizado numa população de estudantes afro-americanos que se propôs determinar a importância dos modelos internos de representação e do tipo de vinculação para o desenvolvimento de depressão concluiu que os indivíduos que têm uma visão positiva de si e dos outros têm uma complacência emocional que funciona como um mecanismo de protecção contra a depressão. Assim, estes estudantes com boa auto-estima vêem os outros como uma fonte confiável de apoio e reportam níveis inferiores de depressão.

Agorafobia

Quando uma criança sofre disrupções na vinculação como a perda ou a ausência da sua figura de vinculação, esta incorre num risco de “fobia escolar”.

Esta fobia, define-se como o medo de deixar a mãe e a sua casa, e poderá transformar-se numa agorafobia.

Num estudo retrospectivo que avaliou doentes agorafóbicos, Marks observou que 95% dos agorafóbicos afirmam ter maior medo quando estão sozinhos. Muitos deles evitam estar sozinhos em casa, e outros requerem a presença de alguém (vivenciado como securizante) quando tentam ultrapassar a sua fobia.

De acordo com Chambless (1982), estes agorafóbicos preferem a presença de um determinado membro da família. Este acompanhante expande as fronteiras da sua “zona de segurança”.

A semelhança entre esta perturbação e o uso da figura de vinculação como a “base segura” para exploração, evidente na Situação “Estranha” é, sem dúvida, evidente.

 

Este  post teve por base a tese de Mestrado integrado em Medicina:

“Teoria da Vinculação” – Nuno Ferreira Silva

Bowlby

Bowlby estudou psicologia e ciências pré-clínicas no Trinity College em Cambridge, ganhando prémios por desempenho intelectual notável. Depois de Cambridge, ele trabalhou com crianças delinquentes e desajustadas, na época com vinte e dois anos, fazendo residência no University College Hospital em Londres. Aos vinte e seis, ele se formou em medicina. Enquanto estava na escola de medicina, ele se matriculou no Instituto de Psicanálise. Após sua saída, ele se formou em psiquiatria adulta no Maudsley Hospital. Em 1937, aos 30 anos de idade, qualificou-se como psicanalista.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi tenente-coronel no Corpo Médico da Armada Real. Após a guerra, ele se tornou Diretor Substituto da Clínica Tavistock e, partir de 1950, Consultor de Saúde Mental da Organização Mundial da Saúde.

Por causa de seu trabalho anterior com crianças delinquentes e mal-adaptadas, ele se tornou interessado no desenvolvimento de crianças e começou a trabalhar na Child Guidance Clinic (Clínica de Orientação Pediátrica) em Londres. Este interesse foi, provavelmente, reforçado por uma variedade de eventos da guerra envolvendo a separação de crianças de seus familiares; estes incluindo o resgate de crianças judias pela Kindertransport (evacuação de crianças judaicas da Alemanha, Checoslováquia, Polónia e Cidade Livre de Danzig que decorreu entre 1938 e 1939), a evacuação de crianças de Londres para mantê-las a salvo de ataques aéreos, e o uso de grupos de berçários para permitir que as mães de crianças pequenas contribuíssem para o esforço de guerra. Bowlby estava interessado desde o início de sua carreira no problema da separação e no trabalho de Anna Freud e Dorothy Burlingham durante a guerra sobre desabrigados e de Rene Spitz sobre órfãos. Ao final da década de 1950, ele havia acumulado um corpo de trabalho teórico e observacional para indicar a importância fundamental do apego desde o nascimento para o desenvolvimento humano.

Bowlby estava interessado em descobrir os padrões reais de interacção familiar envolvidos no desenvolvimento saudável bem como no patológico. Ele focou em como as dificuldades de apego eram transmitidas de uma geração à próxima. Em seu desenvolvimento da teoria do apego, ele propôs a ideia de que o comportamento de apego era, essencialmente, uma estratégia de sobrevivência evolutiva para proteger o recém-nascido de predadores. Mary Ainsworth, uma aluna de Bowlby, mais tarde ampliou e testou suas ideias, e fez, de fato, o papel principal ao sugerir a existência de vários estilos de apego. As três experiências mais importantes para o futuro trabalho de Bowlby e o desenvolvimento da teoria do apego foram seu trabalho com crianças delinquentes e mal-adaptadas.

 

via wikipedia

vinculação

Os Estudos de Harlow – Vinculação

No seu estudo laboratorial com macacos Rhesus em 1958, Harry Harlow forneceu dados empíricos que apoiavam o trabalho de Bowlby.

Harlow especulou sobre a natureza do amor, sobre as suas variáveis e analisou a teorias contemporâneas.

A posição comummente defendida por psicólogos e sociólogos era a seguinte: Os motivos básicos são, na sua maior parte, os drives primários – particularmente fome, sede, eliminação da dor e sexo – e todos os outros motivos, incluindo o amor ou afecto, são seus derivados ou drives secundários. “A mãe está associada à redução dos drives primários – particularmente fome, sede e dor – e através da aprendizagem, afecto ou amor é seu derivado (…).

No entanto, John Bowlby atribui importância não só à alimentação e satisfação da sede, mas também ao Instinto Primário de Agarrar, uma necessidade de contacto físico íntimo, que é inicialmente associado à mãe.”

Numa das suas experiências, Harlow separou os macacos recém-nascidos das suas progenitoras horas depois do nascimento, e colocou-os num cenário laboratorial que incluía duas “mães substitutas”, ambas equipadas com um biberão. Uma das ‘mães’ tinha sido construída apenas com um rede de metal, e outra possuía um revestimento de pano macio.

A primeira observação de Harlow foi que macacos face à possibilidade de escolha entre as duas mães substitutas passavam consideravelmente mais tempo agarrados à ‘mãe’ de pano, mesmo quando era só a ‘mãe’ de ferro que estava equipada com o biberão. Esta observação sugere a ideia que a relação de afecto/amor, não é uma resposta simples à satisfação de necessidades fisiológicas.

Com o seu trabalho experimental, Harlow mostra claramente que nenhuma recompensa de comida é necessária para a formação de vinculações fortes. Acrescenta ainda, que “os dados retirados desta experiência mostram que o conforto no contacto com a mãe é a variável de maior importância no desenvolvimento de respostas afectivas.

Teoria da vinculação

A influência da vinculação nas relações amorosas

As relações de vinculação na infância apresentam fortes semelhanças com as relações de cariz amoroso na idade adulta, sendo as primeiras prototípicas das últimas.

Ao longo do desenvolvimento do ser humano, a complementaridade de papéis vai dando lugar à reciprocidade, as representações internas vão adquirindo maior relevo e articulação com a manifestação dos comportamentos de vinculação.

A necessidade de presença física, para obtenção de conforto e segurança em situações de adversidade, vai sendo substituída, progressivamente, pela presença simbólica ou pela interacção à distância (Fonseca, Soares, & Martins, 2006).

Os padrões de vinculação manifestados por um adulto dependem de variáveis como:

– a idade, o género e as experiências vivenciadas com as figuras de vinculação nos seus primeiros anos de vida.

Habitualmente, uma relação de vinculação persiste ao longo do ciclo vital do indivíduo.

Muito embora durante a adolescência as vinculações da infância possam atenuar-se ou serem até substituídas por novos vínculos, as primeiras não são facilmente abandonadas, sendo comum persistirem na idade adulta (Bowlby, 1982).

As relações de vinculação na infância apresentam fortes semelhanças com as relações de cariz amoroso na idade adulta.

Assim, uma nova vinculação a outra figura, nomeadamente a um companheiro amoroso, não significa necessariamente que a vinculação às figuras parentais tenha cessado.

Na verdade, verifica-se uma relação causal significativa entre as experiências de um indivíduo com as suas figuras parentais e a sua capacidade para estabelecer vínculos afectivos posteriores.

Assim, o estilo de vinculação construído nos primeiros anos de vida mantém-se e irá moldar o padrão de relacionamentos estabelecidos na adultícia.

A Escala de Vinculação do Adulto (EVA) apresenta resultados consistentes com a teoria de que a qualidade das relações precoces prevê as interacções num contexto amoroso nas suas relações futuras (Dinero, Conger, Shaver, Widaman & Larsen-Rife, 2011).

Mais concretamente, indivíduos categorizados como inseguros revelaram-se mais propensos a exibir emoções negativas e a mobilizar estratégias inadequadas, durante situações conflituosas com um parceiro.

Hazan e Shaver (1987) salientam paralelismos entre as relações de vinculação primárias e as relações amorosas na idade adulta.

Estas efectivam-se na concepção de que na adultícia a relação com o outro poderá constituir-se como promotora de segurança, na medida em que o indivíduo procura proximidade em situações avaliadas como ameaçadoras, recorrendo ao outro para readquirir uma percepção de competência pessoal e uma capacidade de exploração do mundo.

Ao conceptualizarem as relações íntimas como relações de vinculação, Hazan e Shaver identificaram três estilos de vinculação na idade adulta, semelhantes aos de Ainsworth.

O estilo de vinculação construído nos primeiros anos de vida mantém-se e irá moldar o padrão de relacionamentos estabelecidos na adultícia.

Estes designam-se por estilos de vinculação Seguro, Inseguro Ambivalente/Ansioso e Inseguro Evitante, associados a formas distintas de vivenciar o relacionamento amoroso.

Neste sentido, foi elaborado um modelo bidimensional composto por eixos dicotómicos compostos por modelos de si e modelos dos outros.

Da interface destes dois eixos surgem quatro estilos de vinculação, sendo estes Seguro, Inseguro Preocupado, Inseguro Evitante Desligado e Inseguro Evitante Amedrontado.

Indivíduos com estilo de vinculação seguro apresentam modelos positivos de si e dos outros, manifestando baixos níveis de ansiedade e evitamento face à intimidade com o outro.

Estes indivíduos caracterizam-se pela valorização das suas relações íntimas, através de uma capacidade de as manter sem prejuízo da autonomia pessoal, destacando-se uma coerência das narrativas das suas relações.

Por sua vez, indivíduos com um estilo de vinculação inseguro evitante desligado possuem um modelo positivo do self e negativo dos outros, minimizando as suas percepções subjectivas de angústia ou de necessidades sociais, negando defensivamente a necessidade ou o desejo de relacionamentos próximos.

Assim, na regulação emocional e no comportamento interpessoal, manifestam um baixo nível de ansiedade mas um elevado evitamento de proximidade, decorrente das expectativas negativas que têm dos outros.

Mostram ainda um elevado sentido de mérito pessoal, negando o valor das relações íntimas e exacerbando a estima pela independência.

Tanto os indivíduos inseguros preocupados como os inseguros amedrontados detêm um profundo sentido de auto-desmerecimento.

Indivíduos com um estilo de vinculação inseguro preocupado apresentam um modelo negativo do self e positivo dos outros, manifestando uma elevada ansiedade e um baixo evitamento face à proximidade.

Já indivíduos com estilo de vinculação inseguro evitante amedrontado operam através de modelos negativos de si e dos outros.

Encaram-se como não merecedores do amor dos outros, manifestam uma elevada ansiedade e evitamento, mas possuem um desejo consciente de contacto social que é inibido por medos associados às suas consequências.

Ou seja, na regulação emocional e no comportamento interpessoal, são indivíduos que apresentam uma elevada dependência dos outros contudo, devido às expectativas negativas que deles têm, evitam a intimidade para evitarem o sofrimento de uma eventual perda ou rejeição.

Em muitas situações o sujeito não tem consciência de que está a ser manipulado pelas suas experiências passadas.

Os modelos representacionais de figuras de vinculação e do eu que um indivíduo constrói durante a sua infância e adolescência tendem a persistir até e durante a vida adulta.

Esta manutenção das representações de vinculação pode apresentar como consequência uma tendência para apreender uma nova pessoa, com quem pode construir um vínculo afectivo, sustentado num modelo existente, continuando frequentemente apesar de repetidas evidências de que o modelo é inadequado.

Tornando-se cada vez mais desadequado, o indivíduo espera ser percebido e tratado de um modo coerente ao seu modelo do self, permanecendo com tais expectativas apesar de evidências contrárias.

Tais percepções e expectativas distorcidas conduzem a falsas crenças acerca dos outros, falsas expectativas acerca do modo como os outros se comportarão e a atitudes inadequadas, com a intenção de frustrar o comportamento do outro.

A título de exemplo, um sujeito que durante a sua infância foi frequentemente ameaçado de abandono pode precipitadamente atribuir intenções semelhantes ao seu companheiro amoroso.

Assim, interpretará os comportamentos do cônjuge, como o que este diz ou faz, em função dessas intenções que lhe atribuiu e tomará uma iniciativa que julgue ser a mais adequada para enfrentar a situação que acredita existir, permanecendo equívocos e conflitos no seio da relação amorosa.

Em todo este processo, o sujeito não tem consciência de que está a ser manipulado pelas suas experiências passadas, nem de que as suas crenças e expectativas actuais são infundadas.

O conteúdo cognitivo estabelece-se como extremamente relevante na consideração das respostas disfuncionais no seio dos conflitos, considerando que a adesão a crenças irrealistas, especificamente a respeito da natureza dos relacionamentos, é indicadora de um nível de perturbação das relações.

Este post foi composto com excertos do trabalho de Sara Damas:

“Relação entre os Estilos de Vinculação do Adulto, os Esquemas
Precoces Desadaptativos e as Relações Interpessoais.”

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