A depressão instala-se à medida que se perde o equilíbrio entre o afecto que se dá e aquele que se recebe junto das pessoas com as quais se tem uma ligação afectiva profunda. Esse desequilíbrio continuado leva à diminuição da autoestima e a sentimentos de inferioridade.
São exactamente os sentimentos de inferioridade que impedem a pessoa com depressão de perceber a dinâmica em que está envolvido. É nesse sentido que olha para si (de forma distorcida) e sente que devia fazer mais (ainda mais), porque, provavelmente, o outro não dá porque “eu isto” ou “eu aquilo”.
A energia afectiva despendida neste último folgo para recuperar o amor perdido deixa as reservas afectivas tão em baixo que em vez da pessoa melhorar, a depressão aprofunda-se, a apatia cresce e o interesse pelas coisas e pela vida desaparece.
As Causas da Depressão:
– Perda do afecto/amor de alguém significativo ao qual se está fortemente ligado.
– Negação do sentimento de perda.
– Sentimentos de Inferioridade / Baixa auto-estima.
A cura da depressão passa, em primeiro lugar, pelo reconhecimento da perda do afecto do outro, ou da desigualdade entre aquilo que se dá e aquilo que se recebe – dar muito e receber pouco -. A partir desse momento é possível cortar com essa dinâmica e ir redireccionando para o próprio o afecto. Desta forma é possível recuperar o investimento afectivo (dado como perdido) no outro.
Ao mesmo tempo que se processa o reinvestimento no próprio, a auto-estima sobe, restaurando um sentimento de confiança para conquistar novos objectivos e novas relações; pois o amor nasce e desenvolve-se na relação com o outro, e só um “verdadeiro amor” pode curar.
É fundamental (voltar a) sentir-se apreciado, reconhecido e amado, porque enquanto não sentir que é capaz de merecer e atrair o amor do outro, dificilmente ultrapassa o sentimento de inferioridade e a depressão. Só no outro e no seu amor eu me permito “ser” em toda a minha plenitude.