Relações de Dependência
As relações de dependência estão mais presentes nas personalidades depressivas.
Esta dependência infantil que se prolonga para além da adolescência e que pelo excesso caracteriza todo o período maturativo – sendo portanto já detectável na infância – é-nos frequentemente revelada por expressões como:
– “Fui uma criança muito apegada à família”, “Em jovem foi difícil separar-me dos meus pais”.
Pela vida fora, estes indivíduos colam-se ao amigo, ao parceiro sexual, à religião, ao partido.
Nas personalidades depressivas mais graves predominam as relações de cunho simbiótico, ou mesmo adesivo.
“O estilo relacional do depressivo é o de uma marcada dependência – recebe menos do que dá.”
Num nível evolutivo um pouco superior, vamos encontrar as relações pessoais, ou interpessoais de mera complementaridade:
– Do tipo dominado/dominador e/ou explorado/explorador.
Muitas vezes, quando o paciente já se encontra perto de sair da situação depressiva, ainda vemos relações em que o depressivo recebe menos do que dá.
Ao desempenhar o seu papel de ente esfomeado que não ousa exigir o afecto a que tem direito, mantém, assim, uma relação de dependência, uma vinculação infantil.
A ameaça de abandono afectivo e, logo, a ansiedade depressiva pairam sempre no horizonte da expectativa.
A esperança no sucesso pessoal, dada a escassez e insuficiência dos comportamentos de autonomia, êxito e progressão evolutiva, é travada pela inibição, ela própria consequência do medo, não só do abandono afectivo como da perda do outro.
Assim, a expectativa confiante no amor do(s) outro(s) – estimulo para a construção relacional, para a organização da constância de amor pelo outro e de plenitude amorosa, do sentimento de felicidade, alegria de viver e vitalidade, tende a diluir-se.
Na palidez da esperança reforça-se a segurança do lado de dependência.
No lugar do amor de que se desiste coloca-se a amizade a que se tem direito; “Foi a minha grande paixão, sou o seu melhor amigo”.
A partir de “Depressão: estrutura e funcionamento” – A. Coimbra de Matos
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