Por que é tão importante desenvolver uma vinculação?
A vinculação não é importante, é vital.
No momento do nascimento, o recém-nascido é cem por cento imaturo, o que nos torna dependentes da nossa mãe ou da pessoa encarregue de cuidar de nós.
A figura principal de vinculação, geralmente a mãe, é a responsável por satisfazer as necessidades básicas do recém-nascido (fome, protecção, calor, sono, etc.).
Não é apenas uma questão de melhorar a vida da criança, mas permitir que ela sobreviva.
Os estudos científicos e a prática clínica levam-nos a concluir que os bebés e as crianças que tiveram figuras de vinculação que atendiam às suas necessidades são:
Mais auto-confiantes, mais autónomas, têm uma boa capacidade de resolução de conflitos, são mais resilientes, têm uma auto-estima maior, são valorizados no trabalho, nos relacionamentos e com os amigos. Enfim, são mais felizes.
Existem coisas importantes que uma figura de vinculação deve ter em conta:
– Explicitar o seu amor à criança
– Incentivar a sua autonomia
– Legitimar as emoções e ajudar a geri-las
– Dedicar tempo de qualidade aos filhos
– Atender às necessidades dos filhos
– Protegê-los de situações perigosas de maneira equilibrada (sem serem super-protectores)
– Estabelecer limites claros e respeitosos
Os adolescentes que têm um apego seguro tendem a ter uma auto-estima alta
É importante notar que a ideia de quanto mais melhor, é falsa. As crianças precisam apenas de estímulo suficiente.
Foi demonstrado que os adolescentes que têm uma vinculação segura tendem a ter uma auto-estima alta, enquanto os adolescentes que têm uma vinculação insegura tendem a ter uma auto-estima mais baixa.
Isso é generalizável para qualquer estágio vital. John Bowlby, pai da teoria da vinculação, referiu que a auto-estima de uma pessoa está intimamente relacionada com o seu estilo de apego.
Vinculação Insegura
As consequências de uma vinculação insegura são terríveis e para toda a vida, a menos que algo seja feito para repará-la.
Existem diferentes estilos de apego inseguro, mas, em geral, as consequências da falta de protecção ou a superprotecção e a não promoção da autonomia são:
A dificuldade ou incapacidade de ser autónomo em diferentes áreas da vida
Baixa auto-estima
Um sentimento constante de desprotecção
Autocrítica constante
Ansiedade, somatização, medos, insegurança
Incapacidade de regular as suas próprias emoções
Dificuldade em ser empático
Maior probabilidade de desenvolver uma adição
Dependência emocional.
Para especificar um pouco mais, as pessoas que têm uma vinculação insegura do tipo evitante têm medo da intimidade e da proximidade.
Enquanto na vinculação insegura do tipo ansioso ambivalente, a pessoa é insegura e pouco autónoma, necessitando de outras pessoas para desenvolver os seus projectos de vida.
A reparação da vinculação só pode ser feita num relacionamento vertical.
A vinculação insegura evitante é normalmente fruto de pais autoritários, enquanto a vinculação ansiosa ambivalente é mais frequente em ambientes superprotetores, onde não há promoção da autonomia.
Razões para o aumento da vinculação insegura
Primeiro, destacamos a falta de tempo que os pais passam com os filhos.
Entre outras coisas, é resultado dos horários de trabalho e da hiperestimulação em que estamos imersos.
Tudo isto dificulta a dedicação de tempo de qualidade aos filhos.
Em segundo lugar, encontramos crianças que são super-protegidas ou que se desenvolvem em contextos de desprotecção.
Ambos os estilos educacionais têm consequências muito semelhantes.
Outros aspectos que influenciam são o ritmo vertiginoso a que as crianças estão sujeitas (em resultado de uma sociedade hiperactiva), ausência de limites, modelos parentais rígidos e autoritários em que não é permitida a expressão de emoções, superestimulação, uso abusivo das novas tecnologias em detrimento da conexão social e emocional.
Reparar a vinculação insegura
A vinculação insegura pode ser reparada, pois o cérebro é orientado e tende para a saúde mental. Por isso vamos sempre a tempo de reparar um apego inseguro.
Um aspecto essencial para a reparação da vinculação é que ela deve ser feita num relacionamento vertical, ou seja, não pode ser realizada pelos nossos amigos ou parceiros (relacionamentos horizontais).
As Relações verticais ocorrem em contextos psicoterapêuticos.
É claro que um amigo, um parente e um relacionamento podem trazer muitos aspectos positivos, mas não é possível reparar uma vinculação nesses contextos, somente em relacionamentos verticais (psicoterapeuta-paciente).
Adaptado por Pedro Martins a partir de uma a entrevista a Rafael Guerrero
Comentários recentes