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Psicoterapia

Patologia Narcísica - Pedro Martins Psicólogo Clínico Psicoterapeuta

Patologia Narcísica

Quando a mãe não é suficientemente boa, não ocorre a idealização do Eu, comprometendo ou impedindo a formação de um ideal do Eu.

Nestes casos o indivíduo não pode reagir de uma maneira interna, pelo que a sua autoestima, o seu sentimento de integridade vai depender dos outros, de algo exterior.

Assim na patologia narcísica a regulação da auto-estima continua a ser obtida através dos outros/exterior que, pela identificação projectiva, recebem essa função por delegação e, pela identificação introjectiva, ocuparão provisoriamente o lugar que deveria ocupar a estrutura interna.

A insegurança e os sentimentos de inferioridade que o próprio sente impedem-no de se auto valorizar, procurando a valorização através do exterior.

Somente com a formação de um ideal do Eu suficientemente estável está assegurado o narcisismo indispensável.

Assim, consideramos que narcísico é aquele que não teve, na relação com a mãe o espaço para se ver como uno.

Foi vivenciado como um pendente, um projecto da mesma, conferindo-lhe um sentimento de que não possui vida própria e independente.

Anulado na sua existência, tornou-se servo do outro com quem aprendeu que deve satisfazer e não desiludir.

Não se conheceu através do outro, não se reconhece sem ele. Vivencia com estranheza o seu corpo e os seus sentimentos, sente-se incompleto.

Projecto de uma mãe que não reconheceu as suas qualidades e de um pai que permitiu que permanecesse uma ligação fusional à mãe.

Filho de pais cujos desejos correspondem à recusa de dependência do filho bebé, porque lhes desencadeia ansiedades intoleráveis e porque exigem que o filho seja a perfeição (omnipotente), de modo a reflectir a própria imagem de perfeição dos pais narcísicos.

 

Não amado e não reconhecido no seu valor, o indivíduo passa a adoptar condutas de compensação que possibilitem o disfarce da imagem de inferioridade que tem de si próprio.

 

O narcísico impede-se de olhar para o seu interior e passa, de forma maníaca, a mascarar a sua ferida, escondendo-se no exterior e por detrás de um ideal do Eu, impessoal e megalómano, que face ao menor desequilíbrio se despenha num precipício de inferioridade e vergonha.

Quando a perda do amor do outro ocorre precocemente durante a fase de formação da auto-imagem como pessoa, durante o processo de narcisação primária, desencadeia uma tendência mais depressiva em que a imagem que o sujeito tem de si é, de um modo generalizado, negativa.

O indivíduo tem uma autoestima baixa relativamente a todo o seu desempenho.

O sujeito que ao longo do seu desenvolvimento não se sentiu valorizado estabelecerá relações amorosas que lhe permitam a ilusão de possuir uma autoestima verdadeira e de libertação dos seus sentimentos de auto-desvalorização.

O facto de ter sido amado parcialmente faz com que se ligue ao outro de modo parcial, estabelecendo relações bidimensionais baseadas em processos primários onde o que interessa são os aspectos exteriores e não a pessoa em si.

 

Na patologia narcísica a autoestima é regulada através dos outros e não pelo próprio.

 

Em termos de resumo podemos dizer que não amado e não reconhecido no seu valor, o indivíduo passa a adoptar condutas de compensação que possibilitem o disfarce da imagem de inferioridade que tem de si próprio.

Passa então, a rodear-se de pessoas que lhe conferem a ilusão mágica de “eu sou o que tenho”, possibilitando a criação de estratégias de sedução que serão tanto mais eficazes quanto se rodeie de pessoas deslumbrantes.

O indivíduo sente que para afirmar o se Eu necessita compulsivamente de possuir e ganhar poder.

Num exibicionismo contínuo que cria a ilusão de unicidade e exclusividade, acrescentando ao próprio o sentimento de que é importante.

No nosso entender o narcísico é alguém que procura através da ligação com o outro, um auto-reconhecimento e a aquisição de um sentimento de existência, que não conseguiu com os cuidadores/pais.

Considera-se que o narcísico tem uma imagem desvalida de si, procurando na ligação ao outro atingir a identificação ao Ideal do Eu, não investindo o outro, mas sim a imagem grandiosa que julga poder obter através dessa ligação.

A ligação ao outro processa-se de forma maníaca evidenciando uma tríade de sentimentos:

controle, desprezo e poder, permitindo que o indivíduo se coloque numa posição de destaque, eliminando a inveja e a competição.

Pedro Martins

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