Orgulho ou Vaidade? Descubra as diferenças
O Homem é essencialmente um animal narcísico – que se admira e precisa ser admirado. A sua qualidade é o orgulho; o seu defeito a vaidade.
O bom narcisismo assenta num sentimento de dignidade pessoal. A deficiência narcísica, o sentimento de vacuidade, de vazio e miséria interiores conduz à vaidade.
O orgulho tem brio, porque assume a plenitude do seu ser; senhor do seu amor-próprio e do seu valor social.
O vaidoso pinta-se com tinta brilhante para esconder as mazelas, as máculas da auto-imagem; como é pouco, assenhora-se de apetrechos que o possam fazer brilhar; a sua problemática é a de o ter – para suprimir aquilo que não é.
“O orgulhoso tem brio, o vaidoso procura brilhar.”
O orgulhoso, seguro de si deixa-se observar; o vaidoso, inseguro mas desejoso de mostrar o contrário, exibe-se. O orgulhoso tem brio, o vaidoso procura brilhar.
Esta distinção entre orgulho e vaidade procura tão-somente salientar o que há de diferente entre o narcisismo positivo (amor a si próprio), decorrente de um bom investimento de si mesmo, e o narcisismo negativo (aversão a si próprio), condicionado por um deficiente investimento de si próprio e que acarreta frequentemente um mecanismo de supercompensação com a construção ilusória de uma auto-imagem grandiosa.
O processo de compensação narcísica pela grandiosidade, pela exaltação ilusória da auto-imagem é como um prémio de consolação que o indivíduo atribui a si mesmo pelo facto de não se ter sentido e sentir suficientemente amado e admirado pelos outros (reconhecido no seu próprio valor).
Resulta, pois, da necessidade de reparar pelos seus próprios meios o insuficiente investimento que recebeu e que recebe dos outros – não amado nem admirado, é ele próprio a amar e admirar a sua imagem reflectida pelo espelho: necessariamente má porque, à partida, não apreciada pelo olhar do outro (não desencadeou o espanto e o desejo) e que, por isso mesmo, ele procura artificialmente valorizar (retoques, exibição) para retomar a finalidade primeira, ser desejado.
Em última análise, o narcísico enamora-se de si mesmo em razão de não ser ou não se sentir objecto do enamoramento do outro.
Bibliografia: Matos, A. C. (2001). A Depressão. Lisboa: Climepsi Editores
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