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Psicoterapia

Ciúme e Inveja Psicoterapia

O Ciúme e a Inveja. Descubra as diferenças

O ciúme é um sentimento vivido na relação triangular (a três) originado no receio de perder o objecto de amor; a dificuldade no ciúme é a repartição do amor do outro.

O indivíduo pretende ser único e exclusivo depositário desse amor.

“O ciúme é um sentimento altamente perturbador e está na origem dos mais variados dramas passionais.”

No ciúme o sujeito luta pela posse total e exclusiva do amor do outro, sabendo de antemão que isso não é possível pela consciência que tem da existência de um terceiro.

Presente nos mais variados quadros clínicos, é sobretudo característico da estrutura obsessiva.

Trata-se de um sentimento forte e altamente perturbador que está na origem dos mais variados dramas passionais e portanto, traz muitos pacientes para a terapia.

Costuma-se distinguir entre ciúmes neuróticos (que corresponde à breve descrição que fizemos), os ciúmes mórbidos ou patológicos e os ciúmes delirantes, conforme o grau de maior ou menor crítica; os ciúmes patológicos ligam-se com a estrutura depressiva; o delírio de ciúme com a paranóia.

A inveja é um sentimento vivido na relação binária (a dois) e que traduz uma incompletude narcísica. É um sentimento de falta, experimentado na comparação com o outro; e condiciona o desejo de possuir os atributos desse outro.

O sentimento de inveja vai operar pela vida fora em todas as circunstâncias em que a consciência de défice se agudiza e a idealização do outro se avoluma, sendo portanto fácil de estalar em toda a estrutura narcisicamente tocada e em toda a relação em que o outro se torna demasiado importante para a segurança do sujeito.

Se o outro demonstra ou exibe aos olhos do sujeito, por qualquer forma, a sua qualidade de superior, a inveja duplica. Passa de um ressentimento e desejo de apoderar-se das posses e atributos do outro (que caracteriza genuinamente a inveja) para o desejo de o destruir; é nesta sequência se organiza o desejo de poder.

“No ciúme e na inveja o amor-próprio é altamente atingido.”

Enquanto na inveja conta um sentimento de falta e um desejo de apoderar-se, no ciúme está em causa um sentimento de perda ou ameaça de perda e um desejo de reter.

Em ambos os casos, a agressividade e o ódio jogam um papel predominante na relação com o outro. Num e noutro caso, o amor-próprio é altamente atingido; na inveja, sobre a forma de ressentimento; no ciúme, de humilhação. À revolta no invejoso, corresponde a depressão no ciumento.

Na inveja há um défice narcísico e no ciúme um ferimento narcísico; o invejoso sente-se pobre, o ciumento empobrecido.

Centrado no sentimento de perda, o ciumento oscila entre os pólos da depressão e da raiva: quanto mais agressivo, menos deprimido.

Enquanto o invejoso jamais se sente suficientemente poderoso, o ciumento nunca se sente completamente amado.

Na inveja o tom afectivo básico é a insatisfação; no ciúme a tristeza. O ciumento sente-se desvalorizado, é tímido e submisso; o invejoso ambiciona e luta (isto numa visão extremada, é evidente).

Estas descrições – da inveja e do ciúme – são notoriamente esquemáticas e intencionalmente forçadas, para bem distinguir os cambiantes típicos dos afectos (as suas estruturas) em causa. Na vida afectiva real, o que encontramos é uma mistura dos dois sentimentos, polarizando-se mais num sentido do que noutro.

A partir de “A inveja e o ciúme.” A. Coimbra de Matos

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