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Hiperatividade Ó tempo volta pra trás. Já. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Hiperatividade: Ó Tempo Volta Pra Trás. Já!

“Foi-se o tempo em que (…) bastava “apenas um olhar do pai” para que as crianças se reposicionassem no seu lugar de filho.

Nesse outro tempo” tínhamos a impressão que tudo tinha o seu “lugar”.

Nessa época não se ouvia falar em hiperatividade.

As crianças eram definidas como seres mal-educados que precisavam de uma educação rígida e rigorosa para se tornarem adultos civilizados.

(…) a religião e a tradição asseguravam o lugar do pai na família. (…) a autoridade do pai era sustentada não apenas pela mãe dentro de casa, mas, na esfera pública e politica, através da religião e dos costumes.

Nesse mesmo lastro residia a autoridade do professor e dos adultos em geral.

Esse cenário começou a mudar a partir de um longo processo de transformações históricas e sociais que assolapou a tradição e a religião enquanto organizadores da família e da sociedade.

A valorização da criança produzida pelo capitalismo, em que a mesma passou a sustentar a promessa de fabricação do adulto de futuro, produziu não apenas a valorização da mulher como mãe, mas, instituiu uma preocupação do estado em limitar e regular cada vez mais os poderes do pai, visando proteger a mulher e os filhos da sua arbitrariedade.

Nessa época não se ouvia falar em hiperatividade, as crianças eram definidas como seres mal-educados.

O filho tornou-se propriedade privada da mulher-mãe.

Ao pai, restou um colchão ao lado da cama do casal, agora ocupado pela mãe e pelo filho.

Quando ele intervém, é logo interpelado pela sua mulher com um “cala a boca, você não sabe nada”.

O homem-pai viu-se reduzido a uma criança que não sabe nada, nem sobre a vida doméstica nem sobre os filhos.

Ela briga com ele como briga com uma criança: “não faça isso! Faça aquilo. Você não sabe de nada!”

Diante dessa mãe omnipotente, o homem viu-se reduzido a uma criança impotente.

Pois bem, se na família patriarcal a autoridade era atribuída ao pai, na família moderna a mãe passou a ocupar esse lugar.

Diante da crise de referências instituída a partir da queda da tradição, o pai, não sabendo qual seu lugar, viu-se reduzido a uma condição infantil, ora toma a mãe como modelo de relação com os filhos, funcionando como uma “segunda mãe”, ora se identifica com a criança, demandando à mãe mais cuidados do que deveria.

Como consequência dessa crise de referências, temos encontrado um cenário muito assustador:

– Crianças que dormem com os pais, ainda usam fraldas apesar da idade, têm dentes mas ainda tomam mamadeira.

São grandes em peso e altura, mas vivem no colo dos pais.

Além de medicar, talvez os médicos pudessem dizer: ”Seu filho precisa limites!!!”.

As crianças não conhecem a frustração.

Privadas da intervenção educativa, pouco a pouco vão-se tornando pequenos monstros assustadores e demandantes: querem “tudo” e ao mesmo tempo “nada”.

As crianças tornaram-se pequenos tiranos e os pais escravos da tirania dos filhos.

Quando essas crianças chegam à escola (…) não conseguem concentrar-se e não aprendem.

Ao não reconhecer a desorganização da criança como proveniente da sua própria renúncia, os pais recorrem a um “outro-especialista” buscando uma resposta sobre o que se passa com o seu filho.

Este por sua vez, capturado numa formação organicista pautada no modelo biomédico – modelo que reduz todo e qualquer problemática humana a um defeito no funcionamento biológico – vê-se obrigado a diagnosticar a má educação da criança como hiperactividade.

Impotentes face à demanda dos pais e das escolas, os médicos medicam.

Aliás, o que poderiam fazer além de medicar? (…) Talvez os médicos pudessem dizer: ”Seu filho precisa limites!!!”.

Mas certamente seriam considerados maus médicos. Pois, ao denunciar a necessidade de limites, denunciariam as renúncias educativas dos pais!

Não sabendo o que fazer com os pequenos tiranos, solicitam à ciência e à medicina algum limite, mesmo que seja químico!

Como sabemos, um adulto precisa aprender a viver e a ter horários para dormir, assim como o adolescente precisa aprender modos de relacionamento com o outro para transar.

Por isso fica a pergunta:

Será que uma criança poderia prescindir dos adultos para se tornar civilizada?

Ou de facto acreditam que uma dose diária da “droga” seria suficiente para educá-la?

Transcrição parcial (adaptada) do artigo: A fabricação da loucura na infância, Michele Kamers

sidade-infantil-Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

Obesidade Infantil

Uma atitude de superprotecção das crianças pode conduzir à ansiedade e, consequentemente, à obesidade pelo consumo de alimentos como procura de segurança, segundo um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

Os resultados preliminares de um estudo desenvolvido por investigadores da FMUP indicam que as crianças, “sobretudo as meninas”, que sejam educadas por pais superprotectores e “demasiado zelosos, podem ser mais propensas ao desenvolvimento da obesidade”.

De acordo com os investigadores, a atitude superprotectora dos pais leva a que as crianças tenham a imagem de um “mundo ameaçador”, sentindo ansiedade e tendo, consequentemente, “um aumento de cortisol, a hormona do stress”.

Os casos, classificados como “vinculação insegura” pelos especialistas, poderão ter “efeitos menos positivos” no desenvolvimento das crianças, levando-as a uma procura de segurança através de “conforto em actos básicos”, como a comida ou o bem-estar emocional junto de alguém.

Uma atitude de superprotecção das crianças pode conduzir à ansiedade e, consequentemente, à obesidade pelo consumo de alimentos como procura de segurança

“Os dados sugerem que, quando existe vinculação insegura, os rapazes tendem a exteriorizar o comportamento, tornando-se agressivos, por exemplo, mas as meninas parecem internalizar as emoções, comendo”, explicou Inês Pinto, estudante do programa Doutoral em Metabolismo da FMUP e investigadora principal do estudo.

A investigadora adiantou que os níveis elevados de stress sentidos pelas meninas leva a que não consigam ter sucesso quando sujeitas a dietas, visto que a comida é “a forma de obterem uma sensação de conforto e segurança”.

De acordo com a investigadora, os pais devem procurar ajuda para as meninas que tenham excesso de peso e uma personalidade introvertida, especialmente nos casos em que a alteração da dieta não surte qualquer efeito, mencionando ainda que os profissionais envolvidos terão que estar alerta para um possível “sofrimento não visível, que tem de ser observado por um especialista em saúde mental”.

O estudo foi orientado pelo director do Departamento de Neurociências Clínicas e Saúde Mental da FMUP, Rui Coelho, e por Conceição Calhau, professora e investigadora na área do Metabolismo.

O grande especialista em crianças é a mãe. Pedro Martins Psicoterapeuta - Psicoterapia

O Grande Especialista em Crianças é a Mãe

D. Winnicott, autor do conceito de mãe suficientemente boa, refere que esta é uma mãe atenta e capaz de se adaptar activamente às necessidades do seu filho-

Mas ao mesmo tempo, é capaz de frustrar criando uma desilusão gradativa necessária ao desenvolvimento.

“Com o tempo, o bebé começa a precisar da mãe para ser mal sucedido na sua adaptação (…). Para uma criança, seria muito aborrecido continuar a vivenciar uma situação de omnipotência quando ela já dispõe de mecanismos que lhe permitem conviver com as frustrações e as dificuldades do seu meio ambiente.”

Com a proliferação de estudos e livros publicados sobre bebés e crianças as mães podem ficar confusas e a enfraquecer a conexão emocional com os filhos.

Nunca tivemos acesso a tanta informação como agora. Livros, sites, artigos, blogs, cursos, terapeutas, etc.

Apesar desta lista interminável os pais parecem cada vez mais inseguros e ansiosos em relação aos seus papéis.

Para cada dúvida existe um milhão de respostas, parte delas contraditórias.

O conhecimento que poderiam adquirir nessas leituras por vezes gera mais ansiedade do que tranquilidade.

Em grande medida a educação é a transmissão de um modelo que existe em cada um de nós.

A expressão “mãe suficientemente boa” implica a ausência de um imperativo de perfeição.

A mãe aprendeu muito mais pelo facto de já ter sido criança – de ter observado outros pais com os seus filhos, de ter brincado (fantasiado) aos pais e às mães -, do que poderá aprender com este tipo de livros.

Para além do mais, é possível que a espessa camada de informações impeça os pais de serem eles mesmos; e só quando se desprendem dessa quantidade de “instruções” conseguem envolver-se mais profundamente com os filhos.

À medida que a ansiedade diminui as mães têm mais consciência das suas capacidades e qualidades, e dessa forma, conseguem tirar mais proveito da informação disponível, conservando a conexão emocional.

A expressão “mãe suficientemente boa” implica a ausência de um imperativo de perfeição.

Ao mesmo tempo, o reconhecimento que a mãe faz das suas imperfeições deve constituir algo mais libertador do que opressivo.

A mãe já foi filha, e por isso trás consigo recordações de tê-lo sido e de ter sido cuidada por uma mãe, e estas lembranças tanto podem ajudá-la como atrapalhar na sua experiência como progenitora.

No entanto, só muito excepcionalmente, encontramos mães que por graves perturbações são incapazes de cuidar dos filhos ao ponto de os colocar em risco.

Felizmente todas as mães falham, amam os seus filhos mas não são perfeitas, e por isso não conduzem os seus filhos para um mundo falso e delirante.

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