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Como a negligência emocional nos afecta. Pedro Martins Psicoterapeuta

Como a Negligência Emocional nos Afecta

Muitos de nós caminhamos pela vida com numerosos danos emocionais. Os mais comuns são as depressões e a ansiedade; sendo que ambas têm muito impacto nos relacionamentos afectivos.

De onde surgiram estas problemáticas?

Na maioria das vezes da infância, em particular da primeira infância.

A forma como fomos cuidados quando eramos crianças pequenas tem um efeito desmesurado na nossa vida profissional e pessoal.

O que necessitamos é, acima de tudo, pais responsivos: adultos que cuidam das nossas necessidades com sensibilidade e carinho.

Isso, literalmente, define muito das nossas vidas.

Pode não parecer muito importante, mas devido à falta desse amor responsivo, muitas vidas estão aquém do que poderiam e deveriam ser.

“A negligência emocional na infância afecta profundamente o desenvolvimento”

Entre as pesquisas que permitiram demonstrar os efeitos da negligência nas crianças está a “Still Face Experiment” -, efectuada pelo Dr. Ed Tronick, director da Unidade de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard.

 

 

Se uma criança pode ficar tão transtornada após alguns segundos de comportamento frio e insensível por parte da mãe, podemos ficar com uma noção do que pode acontecer se este género de negligência persistir ao longo de anos.

Não é de admirar que alguns de nós não nos sintamos muito bem interiormente. Basta ter passado por situações idênticas  às do vídeo durante os primeiros anos da nossa vida (ou mais) para que marcas – profundas ou leves -, nos acompanhem.

“O amor é imprescindível para a estabilidade emocional”

Mas aperceber-nos de como somos vulneráveis não nos deve entristecer. Pelo contrário, podemos compreender melhor como fracassamos e estabelecer um elo entre o passado e as nossas dificuldades presentes.

Experiências como a “Still Face Experiment” são uma preciosa ajuda para nos compreendermos emocionalmente, e lançam uma luz científica sobre as origens dos nossos problemas.

Esta experiência prova algo inquestionável: o amor é imprescindível para a sanidade mental. A quantidade, mas principalmente, a qualidade desse amor, é determinante para uma vida que se deseja emocionalmente rica.

 

A Mãe Possessiva Pedro Martins Psicoterapeuta

A Mãe Possessiva

Fala-se, em psiquiatria e em psicologia (e noutros meios), com extrema frequência da mãe possessiva.

Mas nem sempre esta frase significante traduz, na expressão de quem a emprega, o significado correcto da mãe concreta de características possessivas.

“O traço caracterológico mais típico da mãe possessiva é a insuficiência narcísica.”

Este tipo psicológico de mãe é, sobretudo, uma mãe que se apodera de um filho como um objecto de propriedade privada:

– Para benefício da sua (da mãe) segurança pessoal e na razão (da mãe, ainda) da sua insegurança intrínseca, constitutiva e fundamental.

É esta insegurança – esta insuficiência narcísica – o traço caracterológico mais típico, e essencial, das chamadas “mães possessivas”.

A mãe possessiva “ama” o filho de uma forma narcísica, como um prolongamento de si própria.

Mais ainda: como uma peça fundamental e imprescindível do seu equilíbrio dinâmico.

O filho é um suporte do seu equilíbrio instável, um pilar na sua organização psíquica deficitária.

Consequentemente, o filho é utilizado – com feroz egoísmo e num medo constante de o perder (o que conduz a não lhe permitir a sua independência progressiva, logo a formação como ser) -, persistente e indefinidamente, como objecto que preenche o funcionamento deficiente da mãe.

E nada perturba mais o desenvolvimento infantil do que este tipo de investimento em que a criança não é considerada um autêntico sujeito, ou, numa outra linguagem, objecto portador de desejos próprios.

Ao filho atormentado, tímido e culpabilizado, submisso e cumpridor, sem energia nem originalidade, é exigida uma lealdade a toda a prova, um amor (pela mãe) indefectível, uma gratidão sem limites.

“Estas mães apelam constantemente para os “sacrifícios” que fazem e fizeram pelos filhos.”

A mãe possessiva é descrita pela psiquiatria fenomenológica como ansiosa, fóbica, deprimida ou hiperactiva, ambivalente e dominadora.

No cerne da sua estrutura psicopatológica define-se por sentimentos de desvalorização pessoal e pela necessidade constante de compensação.

Estas mães apelam, passo a passo, para os “sacrifícios” que fazem e fizeram pelos filhos: numa persistente atitude de reparação da auto-imagem de insuficiência e de culpa (inconscientes).

Mas o apregoado sacrifício é uma falsificação da realidade.

De sacrifício tem apenas a aparência, pois, no íntimo, a sua atitude foi sempre ditada pelo benefício egoísta a retirar:

– Receber mais tarde os favores que agora dispensa.

Cronicamente dominadora – física, emocional ou moralmente, conforme a idade do filho e as circunstâncias -, esta mãe tentacular, que tem razão, é como uma espécie de Deus omnisciente e omnipresente.

Portanto, a sua influência crítica conselheiral, perdura na consciência do filho, ultrapassando as barreiras do espaço e do tempo (para além, portanto, da sua presença concreta).

É uma espécie de “supermãe”, que, com o álibi da protecção, superintende em toda a vida do filho.

Estas mães são tanto mais patogénicas, quanto menos se fez sentir a presença do pai.

É o que pode acontecer na situação da “mãe como educadora única”(mãe solteira, viúva, ausência prolongada do pai, etc.), ou quando o pai é uma figura apagada ou passiva.

Nestas situações falta ao filho um importante elemento de contraste, uma necessária figura de identificação secundária, o contraponto da realidade exterior (exterior à relação binária mãe-filho – gratificante e construtiva, mas também frustrante e devoradora).

É apoiando-se no modelo paterno que a criança suprime paulatinamente, a dependência da mãe; tornando-se autónoma e responsável.

Excertos do artigo “A Mãe Possessiva” – A. Coimbra de Matos

pais filhos

Porque os bons pais têm filhos mal comportados

Pais / Filhos

Imagine dois tipos muito diferentes de famílias, cada uma na sua própria mesa de jantar numa noite habitual.

Na Família 1: As crianças são muito bem comportadas: dizem que a comida é muito boa, falam sobre o que aconteceu na escola, ouvem os pais com atenção e no fim terminam os trabalhos de casa.

Na Família 2: É bastante diferente. Chamam nomes à mãe, resmungam e gozam quando o pai diz algo; fazem um comentário ligeiramente indecente que revela uma falta de vergonha sobre os seus corpos; Se os pais perguntam se já fizeram os trabalhos de casa, dizem que a escola é uma porcaria viram costas e batem a porta.

Parece que tudo vai muito bem na Família 1 e muito mal na Família 2. Mas se olharmos para dentro da mente da criança, podemos ter uma imagem muito diferente.

Na Família 1, os chamados bons filhos têm dentro de si toda uma série de emoções que retêm longe da vista, não porque queiram, mas porque sentem que não podem ser tolerados como realmente são. Sentem que não podem deixar os seus pais ver que estão com raiva ou entediados, porque parece que os pais não têm recursos internos para lidar com a realidade deles; Devem reprimir as suas partes mais corporais, mais rudes e mais voláteis. Qualquer crítica a um adulto é (imaginam) tão devastadora que não pode ser proferida.

Na Família 2, os chamados filhos mal comportados sabe que as coisas são sólidas. Eles sentem que podem dizer que a mãe é uma idiota, porque nos seus corações sabem que ela os ama e que eles a amam e que um ataque de raiva não destruirá isso. Eles sabem que o pai não se desintegrará ou se vingará por ser gozado. O ambiente é quente e forte o suficiente para absorver a agressão, a raiva, a troça ou o desapontamento da criança.

No final, temos um resultado inesperado: o bom filho está com problemas na vida adulta, tipicamente relacionados com concordância excessiva, rigidez, falta de criatividade e uma consciência insuportavelmente pesada que pode levar a pensamentos suicidas. E a criança impertinente caminha saudavelmente para a maturidade, onde se encontra a espontaneidade, a resiliência, a tolerância ao fracasso e o sentimento de auto-aceitação.

O que chamamos de maldade é na verdade uma exploração inicial da autenticidade e da independência. Tendo sido crianças impertinentes, podemos ser mais criativos porque podemos experimentar ideias que não necessitam imediatamente de aprovação; podemos cometer um erro, meter-nos numa embrulhada ou parecer ridículos e não será um desastre. As coisas podem ser reparadas ou aperfeiçoadas. A nossa sexualidade é aceitável para nós e, portanto, não precisamos sentir-nos excessivamente embaraçados ao apresentá-la a um parceiro. Podemos ouvir críticas a nós mesmos e conseguir lidar com o que é verdade e rejeitar o que é maldade.

Devemos aprender a ver crianças malcriadas, algumas cenas caóticas e levantar de voz ocasionais como pertencentes à sanidade, em vez da delinquência – e, ao mesmo tempo, a temer pessoas que não causam qualquer problema.

E, se tivermos momentos ocasionais de felicidade e bem-estar, devemos sentir-nos especialmente agradecidos pelo facto de ter havido, certamente alguém, num passado distante, que optou por olhar com os olhos do amor para algum comportamento profundamente desproporcionado e desagradável da nossa parte.

 

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

A partir de Why good parents have naughty children – Alain de Botton

A importância do pai

A Importância do Pai

O papel do pai na sociedade tem-se transformado, sobretudo, nas últimas décadas.

A “condição” de Pai evoluiu e contínua em evolução, devido às transformações culturais, sociais e familiares.

É reconhecido o seu papel no desenvolvimento da criança, e a relação entre pai e filho é um dos factores de relevo para o desenvolvimento cognitivo e social, facilitando a capacidade de aprendizagem e a integração da criança na sociedade.

O pai é visto como uma figura de autoridade, mas dele é exigido participação e afecto.

Historicamente, até ao fim do século passado, o pai desempenhava essencialmente a função de educador e disciplinador, segundo códigos frequentemente rígidos e repressivos.

Actualmente o pai já não é aquele sujeito todo-poderoso e assustador, autoritário por excelência.

O pai é visto como uma figura de autoridade, responsável por funções que asseguram o desenvolvimento dos filhos. Dele é exigido participação e afecto.

Quando o bebé nasce a função materna é a mais importante: a função psíquica de contenção dum bebé absolutamente dependente, que necessita de acolhimento e cuidados.

Mas, desde o momento inicial da vida, a função paterna e a função materna estão interligadas e tornam-se complementares.

São funções mentais que não estão directamente relacionadas com um ou outro género sexual.

A função paterna no início da vida do bebé relaciona-se com dar condições de segurança, apoio e estabilidade para que aquele que desempenha a função materna possa fazê-lo integralmente.

Ele é o investimento narcísico daqueles que cuidam do bebé, e o reflexo deste investimento libidinal.

Bebés lindos e mães extenuadas e descuidadas são, muitas vezes, a cara e a coroa de uma mesma moeda.

O bebé e a mãe, nesse sentido, são indistinguíveis. Não existe um bebé independente, destituído de uma função materna que o acompanhe.

Ao longo do crescimento do bebé a função paterna passa a ser menos periférica, assumindo uma maior centralidade na vida da mãe e, também, da criança.

O “não” surge como a primeira expressão nítida e fundamental da função paterna dirigida ao bebé.

O cuidador do bebé precisa lidar com os desenvolvimentos motores e, portanto, com uma maior preocupação com o mundo, já que o bebé passa a adquirir paulatinamente maior autonomia.

Mas ainda não é, de facto, uma verdadeira autonomia; assim o “não” surge como a primeira expressão nítida e fundamental da função paterna dirigida directamente para o bebé.

Ela tem a função de limitar os seus avanços no mundo que surgem naturalmente, mas de modo pouco cuidadoso.

Portanto, a função paterna tem como objectivo apresentar o mundo para a criança pequena, mas um mundo que se torne seguro para ela.

Uma das funções fundamentais do pai é colocar limites nos filhos e aceitar os seus eventuais sentimentos hostis, pois no desenvolvimento infantil é importante ter a quem odiar e a amar – a divisão amor / ódio será superada posteriormente.

Aceitar sentimentos hostis dos filhos significa reconhecer que nas crianças existe agressividade e que elas precisam que essa parte seja acolhida.

O “não” inicial limita certos avanços perigosos da criança, mas é preciso levar em conta que já existiu um “sim” na relação desta criança com o mundo.

A função paterna separa a mãe da criança para incluí-la num mundo mais amplo, o mundo do universo simbólico. A função paterna, portanto, separa para incluir.

A autonomia é a finalidade da realização satisfatória da função paterna e materna na vida mental do filho.

O pai enriquece o mundo infantil ao trazer novidades e as brincadeiras da sua infância.

O mundo paterno é alvo de maior curiosidade, pois a criança está mais ligada à mãe e ao mundo doméstico, de certa forma mais limitado.

A presença da função paterna e materna mantém-se ao longo da vida dos pais, mudando de intensidade e de importância de acordo com as circunstâncias da vida do filho.

Mas também são funções que se transmitem, de modo que um jovem adulto pode ter o seu próprio filho e valer-se das funções materna e paterna prontas para serem desempenhadas com uma nova criança. Quando isso acontece, o filho pode “prescindir” dos seus pais.

A autonomia, portanto, é a finalidade da realização satisfatória da função paterna e materna na vida mental do filho.

Os filhos, desse ponto de vista, podem ir adiante, fazendo com que os pais se tornem menos importantes.

Deixar ser suplantado, tornado desimportante e poder orgulhar-se da autonomia do filho e da possibilidade de ser desimportante é o último bastião da função paterna.

Trata-se de confiar que aquilo que foi transmitido poderá ser retransmitido nas futuras gerações.

verdadeiro e falso self

O Verdadeiro e o Falso Self

O Verdadeiro e o Falso Self

Uma das explicações mais surpreendentes e impactantes, sobre o porquê de nós como adultos, podermos ter problemas psicológicos, está ligada ao facto de nos nossos primeiros anos nos ter sido negada a possibilidade de sermos plenamente nós mesmos.

Ou seja, não foi permitido sermos obstinados e difíceis; não pudemos ser suficientemente exigentes, agressivos, intolerantes e egoístas como precisávamos ser.

Como os nossos cuidadores estavam demasiado preocupados ou afectados com algo, foi naturalmente necessário ajustarmo-nos a eles, sentindo que era preciso agir de acordo para sermos aceites e amados.

Um desenvolvimento saudável requer que possamos experimentar o incomensurável luxo de um período em que não precisamos de nos preocupar com os sentimentos e opiniões daqueles que cuidam de nós.

Fomos “obrigados” a ser Falso Self antes de termos tido a possibilidade de nos sentirmos verdadeiramente vivos – Self Verdadeiro.

E, como resultado, muitos anos depois, sem entendermos muito bem como, corremos o risco de nos sentirmos pouco consistentes, frágeis internamente, e, de alguma forma, relativamente ausentes.

A teoria do Verdadeiro e Falso Self resulta do trabalho de um dos maiores pensadores do século XX, o pedopsiquiatra e psicanalista inglês Donald Winnicott.

Numa série de trabalhos dos anos sessenta e com base em observações cuidadas dos seus pacientes (adultos e crianças), Winnicott desenvolveu a tese de que um desenvolvimento saudável requer que, invariavelmente, possamos experimentar o incomensurável luxo de um período em que não precisamos de nos preocupar com os sentimentos e opiniões daqueles que cuidam de nós.

Podemos ser inteiramente e, sem qualquer sentimento de culpa, o nosso Verdadeiro Self, porque aqueles que nos rodeiam – durante um período – adaptam-se inteiramente às nossas necessidades e desejos, por mais inconvenientes e difíceis que estes possam ser.

O verdadeiro Eu do bebé, na formulação de Winnicott, é, por natureza, associal e amoral. Não está muito interessado nos sentimentos dos outros.

O bebé grita quando precisa – mesmo a meio da noite ou num comboio cheio de passageiros.

Pode ser agressivo, mordendo e – aos olhos de um apreciador simpatizante das boas maneiras ou apreciador da higiene – chocante e um pouco nojento. Expressa-se onde e como quer.

Pode ser doce, é claro, mas nos seus próprios termos, e não para atrair ou regatear o amor.

Se uma pessoa tem sensação de se sentir autêntico como adulto, então deve ter desfrutado o imenso privilégio emocional de ter sido verdadeiro à sua maneira: exigir das pessoas a seu belo prazer, pontapear quando está com raiva, gritar quando está cansada, morder quando se sente irritada.

O verdadeiro Eu da criança deve ter a possibilidade de fantasiar destruir os pais quando está em fúria – e depois testemunhar que o pai sobreviveu; o que garante à criança um sentido vital e imensamente reconfortante de que não é de facto omnipotente, e que o mundo não colapsa perante os seus desejos destrutivos.

Quando as coisas correm bem, de forma gradual e voluntária, a criança desenvolve um Falso Selfcapacidade de se comportar de acordo com as exigências da realidade externa.

Isto é o que permite que uma criança se submeta às regras da escola, se torne adulto e tenha uma vida profissional.

Quando nos foi dada a possibilidade de ser Verdadeiro Self, não precisamos de nos insurgir e manifestar as nossas necessidades constantemente.

Podemos seguir as regras porque, durante algum tempo, conseguimos ignorá-las inteiramente.

Infelizmente, muitos de nós não tivemos o começo ideal.

Talvez a nossa mãe estivesse deprimida e o pai frequentemente irritado, talvez houvesse um irmão mais velho ou mais novo a viver uma crise e exigisse toda a atenção.

O resultado foi termos aprendido a cumprir cedo demais, e assim, tornado obedientes às custas da nossa autenticidade.

Nos relacionamentos podemos ser polidos e norteados para as necessidades dos nossos parceiros, mas não somos capazes de amar adequadamente.

No trabalho, podemos ser cumpridores, mas pouco criativos e originais.

Nestas circunstâncias, e esta é a sua genialidade, a psicoterapia oferece-nos uma segunda oportunidade.

Nas mãos de um bom terapeuta é-nos permitido a regredir até ao momento em que começámos a ser Falso Self.

Na sala do psicoterapeuta, contidos em segurança pela sua circunspeção, podemos aprender – mais uma vez – a sermos autênticos.

Podemos ser excessivos, difíceis, despreocupados, egoístas, agressivos, chocantes e irascíveis.

O terapeuta irá aceitar-nos – e, assim, ajudar-nos a experimentar uma nova sensação de vitalidade, que deveria ter lá estado desde o princípio.

A exigência de ser Falso Self, nunca desaparece, mas torna-se mais suportável, porque regularmente nos permitem, na privacidade da sala do terapeuta, uma vez por semana ou mais, ser Verdadeiro Self.

Winnicott era extremamente calmo e generoso com os seus pacientes quando eles estavam a tentar reviver o seu Verdadeiro Self.

Um deles partiu o seu jarrão favorito, outro roubou-lhe dinheiro e um terceiro insultava-o sessão após a sessão.

Mas Winnicott era imperturbável, sabendo que isso fazia parte de uma jornada de regresso à saúde, longe da fadiga mortal que aflige esses pacientes.

Podemos agradecer a Winnicott por nos recordar que o prazer e o sentimento de autenticidade devem passar por estágios de egoísmo e por certo tipo de comportamentos. Simplesmente, não existe outra forma.

Nós temos que ser autênticos antes de podermos ser vantajosamente, um pouco “falsos” – e se nunca tivemos permissão, então a nossa ansiedade, a nossa depressão vão dar nota de que precisamos dar um passo atrás, e a terapia está lá para isso.

Traduzido/adaptado por Pedro Martins

a partir de: “The True and the False Self” – Alain de Botton

os filhos dão muita alegria e aflição

Os filhos dão muita alegria…

“Os filhos dão muita alegria e tudo isso que se costuma dizer, mas também dão muita aflição, permanentemente, e não creio que isso mude nem sequer quando crescem, e disso já se fala menos. Vemos a sua perplexidade diante das coisas e isso faz aflição. Vemos a sua boa vontade, quando lhes apetece ajudar e colaborar e não conseguem, e isso também faz aflição. São aflitivas a seriedade deles e as suas brincadeiras elementares e as suas mentiras transparentes, afligem-nos as suas desilusões e também as suas ilusões, as suas expectativas e as suas pequenas desilusões, a sua incompreensão, as suas perguntas tão lógicas, e até a sua ocasional má intenção. Aflige-nos pensar em quanto lhes falta aprender, e no longuíssimo percurso que enfrentam e que ninguém pode fazer em seu lugar, mesmo que levemos séculos a fazê-lo e não vejamos a necessidade de que tudo o nasce tenha de começar outra vez do princípio. Que sentido faz que cada um passe pelos mesmos desgostos e descobertas, mais ou menos eternamente?” – “Os Enamoramentos”,  Javier Marías

Lembro-me do momento exacto em que olhei para a minha filha e senti essa dor, que era a dor que eu achava que pudesse ser a dela ou que tinha a certeza de que um dia seria a dela.

Minha filha tinha uns três ou quatro anos e estava sentada no chão tentando brincar. Eu via o seu esforço e via o seu fracasso. Ou talvez apenas estivesse projectando nela o que sabia que seria seu embate mais ou menos eterno. Mas creio que não, acredito que já era angústia o que havia no seu rostinho redondo, já era perplexidade diante da aridez de alguns dias. Lembro-me de que, naquele momento, as lágrimas pingaram dos meus olhos, como de uma torneira mal fechada. Eu soube ali que jamais poderia tapar aquele buraco, que teria de testemunhar para sempre aquela luta íntima na qual cada um de nós está só. Sempre só. Eu assistia a ela desde já, tão pequena, tão frágil, tão confiante no meu poder ilusório, debatendo-se com a vida. E para sempre diante dela eu pingaria como uma torneira mal fechada. Era um momento silencioso entre nós – e as cartas já estavam dadas muito antes de nós.

É pelo consumo – e aí possivelmente nunca antes como agora – que se tenta tapar esse buraco aberto no peito dos nossos filhos. Um objecto seguido de outro objecto, a ilusão de que algo foi preenchido com duração cada vez mais curta, o desejo pelo produto seguinte cada vez mais imperativo, a frustração sempre abissal entre um e outro.

Mas não protegemos nossos filhos deste vazio, não há como protegê-los daquilo que é uma ausência que nos completa. Penso que este é o momento crucial da maternidade e da paternidade. Cada um de nós, que se sabe faltante, diante da falta que grita no filho. Quando me vi diante desse abismo, como a personagem de “Enamoramentos”, ela num momento muito diverso e muito mais limite do que o meu, lembro-me de me sentir envolta em melancolia. Eu soube ali, naquele instante prosaico em que minha pequena filha procurava por algo que talvez não pudesse ser encontrado em nenhum lugar além dela mesma, que eu haveria de conviver com uma falência dali em diante. Minha melancolia não se devia às dificuldades de uma maternidade precoce – mas à certeza de que proteger minha filha era uma missão desde sempre fracassada.

Ao olhar para minha própria filha naquele momento em que eu sabia que a máquina do mundo se abria diante dela para mostrar seu enorme estômago vazio, lembro-me de que, por um momento, pensei em alcançar talvez um outro brinquedo ou lhe oferecer um chocolate (…) Mas meu pensamento não virou gesto. Eu sabia que tudo o que eu podia fazer era me manter em silêncio. Que ser mãe, naquele momento, era ser capaz de vê-la debater-se com o vazio, testemunhar o início de seu longo embate vida adentro. E acho que ali, como deve acontecer com os pais e mães que percebem esse momento exacto, uma fissura nova se abriu em mim. Esta que para sempre me faria pingar como uma torneira mal fechada.

“Que sentido tem cada um passar pelos mesmos desgostos e descobertas, mais ou menos eternamente?” (…) a resposta talvez seja a de que não exista sentido. E exactamente por não existir, só podemos mostrar aos nossos filhos, porque isso é algo que se mostra, não que se diz, que a tarefa de uma vida humana, desde sempre e para sempre, é criar sentido onde não há nenhum. Inventar uma vida é a tarefa que faz de todos nós ficcionistas. E, em geral, uma vida que faz sentido é aquela em que os sentidos são construídos para serem perdidos mais adiante e recriados mais uma vez e sempre outra vez. É o vazio, afinal, que nos faz inventar uma vida humana – e não morrer antes da morte.

É o que fazemos como pais neste momento em que um filho descobre o vazio, um momento mais importante do que a primeira palavra ou o primeiro passo ou o primeiro dente, que também nos torna pais. É preciso aguentar. Saber aguentar e escutar a dor de um filho, sem tentar calar com coisas o que não pode ser calado com coisa alguma, é um acto profundo de amor. Um momento sem palavras em que nosso silêncio diz apenas que a tarefa de criar uma vida que faça sentido é dele, pessoal e intransferível. E tudo o que poderemos fazer é estar mais ou menos por perto, ainda que nada possamos fazer.

 

Eliane Brum

 

psicoterapia lisboa

Como sobreviver a um família disfuncional

Toda a família disfuncional tem pais mentalmente perturbados.

Um deles é o “pai-chefe mentalmente perturbado”, e o outro, se houver outro, é o “facilitador do pai-chefe perturbado”.

Estes pais tornam-se directores de casting e criam os papéis que cada filho vai desempenhar.

Um filho, normalmente o mais velho, desempenha o papel de sábio. Os outros desempenham papéis variados que compartilham um denominador comum: todos eles têm um lugar aceite na família.

O último papel é o de bode expiatório. Este deve assumir a grande parte da raiva da família e é visto como não pertencendo verdadeiramente à família e é, portanto, um rejeitado.

Os irmãos recebem permissão dos pais para tratar o bode expiatório da maneira que lhes apetecer.

Os bodes expiatórios são demonizados pelos pais e, portanto, merecem qualquer tipo de tratamento.

Os irmãos ficam contentes por terem alguém que lhes permita sentirem-se superiores e sobre quem podem descarregar a raiva com que seus pais, inconscientemente, os contaminaram.

Numa família disfuncional ninguém sai ileso, mas o bode expiatório é o mais afectado.

É difícil sobreviver a uma família disfuncional porque os pais fazem lavagens cerebrais aos filhos, o que leva a considerá-los como bons pais.

Estes, geralmente, treinam os filhos mais velhos para os elogiar e defender caso algum dos irmãos expresse alguma crítica.

Cada membro da família tem um papel que é repetidamente representado, de modo que, quando um filho chega à idade adulta, os seus hábitos, atitudes e sentimentos parecem normais.

Assim, parece completamente normal o filho mais velho gozar, magoar, insultar e, em geral, tratar o bode expiatório como um ser inferior.

Uma e outra vez, é dito ao filho aquilo que ele é e em que acredita.

A melhor maneira de ripostar é não reagir mais à manipulação, à depreciação e demonização encetada pela família.

Depois de algum tempo, o filho considera que é realmente a pessoa que foi moldado para ser, e já não se preocupa em tentar encontrar o seu verdadeiro Eu.

Isto é particularmente verdade para os membros da família que têm os melhores papéis, como aquele que interpreta o sábio.

O bode expiatório é o que tem mais probabilidades de despertar do feitiço, porque o seu papel é o mais repugnante.

No entanto, R. Laing adverte: “Se o bode expiatório, por exemplo, exclama para um qualquer membro da família, ou especialmente para os pais – “Isto é uma loucura! Esta família é louca! “-, o bode expiatório será severamente punido.

Ninguém deve lançar quaisquer dúvidas sobre a mitologia familiar.

É por isso que as famílias muitas vezes se sentem ameaçadas quando um de seus membros começa a fazer terapia.

Eles temem que as mitologias familiares, tão bem ensaiadas durante tantos anos, possam cair como as peças de dominó, uma após a outra.

O medo é infundado. Mesmo quando o bode expiatório ou outros irmãos com papéis menores na família acordam e começam a entender como são as coisas, são tratados como se fossem os loucos e às vezes são até internados em hospitais psiquiátricos, a fim de acalmá-los e de os trazer “de volta à sanidade” (isto é, de volta a um lugar de lealdade à mitologia da família).

Na verdade, despertar e individuar-se das famílias disfuncionais é uma longa e árdua provação.

A fim de encontrar a sanidade depois de ter sido sujeito a uma lavagem cerebral durante anos, deve-se antes de tudo ter ajuda – quer de amigos que passaram pelo mesmo, quer de um profissional que ajude a lidar com os sentimentos de traição à família.

Numa família disfuncional ninguém sai ileso, mas o bode expiatório é o mais afectado.

Os bodes expiatórios destas famílias viram os seus egos esmagados e é extremamente difícil para eles afirmarem-se ou pensarem por si mesmos.

A família vai ostracizar, gozar, desprezar, rebaixar e castigar de todas as formas aqueles que se separam, e fazer com que se sintam traidores.

Eles farão tudo e mais alguma coisa para evitar uma ruptura, pois isso ameaça a santidade e a identidade da família.

A família disfuncional jamais vai parar ou deixar em paz aqueles que despertam.

Aqueles que acordam em muitos casos precisarão de cortar completamente com a família disfuncional, e mesmo assim a família tentará de todas as formas interferir nesse rompimento.

Os membros que “acordarem” precisarão de lutar.

A melhor maneira de ripostar é não reagir mais à manipulação, à depreciação e demonização encetada pela família disfuncional.

A melhor vingança é, como dizem, viver uma vida boa.

O bode expiatório pode, na vida adulta, deixar de desempenhar o papel que lhe foi designado, mas não será fácil.

Cada nova situação na sua vida despertará a resposta do bode expiatório que lhe foi condicionada durante toda a infância.

Vão ser necessários vários anos, mas, eventualmente, o bode expiatório pode descobrir quem realmente é, e pode começar a viver uma vida que reflicta as suas próprias aspirações ao invés das frustrações dos seus pais.

Traduzido e adaptado por Pedro Martins
A partir de: Gerald Schoenewolf – How to Survive a Dysfunctional Family

psicólogo clínico

Os pensamentos patológicos

Para weiss, o que podemos chamar de instrumento operativo para a adaptação à realidade são os “pensamentos”, conscientes e inconscientes, os quais podem ser saudáveis ou patológicos.

Os pensamentos patológicos podem ser erróneos acerca da realidade externa ou sobre si mesmo, e conduzem a atitudes e comportamentos desadaptados da realidade que são fonte de sofrimento para o sujeito e, frequentemente, para quem com ele convive.

Estes pensamentos patológicos formaram-se, quase sempre, em consequência de um comportamento inadequado por parte dos pais, de relações conflituosas no ambiente familiar, por exemplo com os irmãos, ou de outras circunstâncias complexas que o indivíduo não pode assimilar.

Referi comportamento inadequado por parte dos pais porque os pensamentos patológicos não são fruto unicamente da negligência ou maltrato, mas também de um comportamento que origine uma má interpretação da realidade.

Por exemplo, um comportamento muito protector pode induzir na criança o pensamento de não se sentir capacitado para fazer frente a situações difíceis. Uma mãe que sofra de grande ansiedade nos momentos das inevitáveis e quotidianas separações mãe/criança provocará na criança o pensamento de que a separação é má e que deve ser evitada, que a realidade é perigosa, que é responsável pelo sofrimento da mãe, etc.

Adaptado de Joan Coderch
“La prática de la psicoterapia relacional”

psicoterapia daddy issues

Daddy Issues

Dizer que alguém tem “Daddy Issues” é uma maneira um pouco depreciativa de aludir a um desejo muito compreensível:

– Ter um pai que é forte e sábio, que é sensato e gentil.

Talvez com alguns defeitos, mas sempre justo e, principalmente, sempre do nosso lado.

É muito compreensível querer ter alguém assim nas nossas vidas, especialmente em momentos difíceis.

Na primeira infância somos particularmente indefesos e necessitamos de protecção.

Somos frágeis e não conseguimos entender o mundo. À nossa volta tudo é novo e fora do nosso controle.

A “fome” de um pai é – nas circunstâncias – totalmente natural.

Um homem adulto, como facilmente se pode compreender, é impressionante para uma criança pequena.

Parece que sabe tudo: a capital da Nova Zelândia, como conduzir um carro, como dizer algumas palavras numa língua estrangeira, como descascar um abacate.

Vai para a cama misteriosamente tarde e levantam-se antes de nós.

Na piscina podemos colocar os braços ao redor do seu pescoço e descansar nas suas costas.

Ele leva-nos nos seus ombros e ajudam-nos a tocar o tecto. É muito além de surpreendente – quando se tem 4 anos…

É muito compreensível desejar ter um pai forte e sábio, sensato e gentil.

O paradoxo dos “daddy issues” é que aqueles que os têm são  (quase sempre) pessoas que não tiveram pais muito bons quando eram pequenos.

Talvez o pai fosse forte, mas em última análise, cruel, intimidador ou desinteressado.

Talvez ele estivesse mais interessado noutro irmão ou no seu trabalho.

Talvez ele estivesse mais afastado, saísse de casa depois de um divórcio ou tenha morrido jovem.

O anseio adulto por um pai não é o resultado de ter tido um bom pai na infância, mas uma consequência de sentimentos de abandono.

O anseio por um pai pode inclinar-nos para alguns padrões de comportamento complicados.

Por mais maduros e cépticos que possamos ser na maioria das áreas, em relação à ideia de protecção masculina permanecemos um pouco como a criança pequena que nós fomos, pois não nos foi permitido amadurecer nessa área.

Secretamente ansiamos por um homem que possa cumprir o papel que ficou por desempenhar.

Ele vai tomar conta de nós. Ele vai tomar decisões, vai ser forte e certeiro, e fazer os nossos problemas desaparecerem.

Ele vai ficar com raiva e agressivo com quem nos faz mal; Ele terá orgulho em nós e amar-nos como nós somos.

A nossa necessidade faz com que procuremos um pai nas amizades, no trabalho e, não menos importante, na política.

O anseio por um pai pode inclinar-nos para alguns padrões de comportamento complicados.

O perigo é que esses “pais” podem, no final, prejudicar gravemente a nossa confiança, pois ninguém tem o poder de apaziguar o tipo de anseios que trazemos.

Eles podem saber muito bem o que queremos e, ingenuamente ou cinicamente prometer preencher essas necessidades, mas gradualmente (por vezes demasiado tarde) percebemos que eles têm mil defeitos, como todos nós.

Podemos perceber que eles não têm uma atitude assim tão nobre. Que os nossos inimigos não se foram.

Que eles não nos podem ajudar. Que não há de facto dinheiro suficiente no mundo para fazer o que prometeram. E que – na verdade – eles realmente não nos amam.

A fantasia da figura “pai” da idade adulta não é de facto um bom pai por uma razão:

– Verdadeiramente, os bons seres humanos sabem que não são tão poderosos e estão felizes em admitir o facto de forma clara e honesta, logo que estamos prontos para receber a notícia – o que acontece normalmente quando temos cerca de doze anos de idade e conscientes de novos poderes e capacidades.

Um bom pai (além dessa idade) não finge ser todo-poderoso.

Confessa que não pode resolver todos os nossos problemas e não pode magicamente salvar-nos de uma infinidade de perigos, não importa o quanto eles o desejem.

O bom pai decepciona-nos logo que somos fortes o suficiente para suportar a realidade.

Por amor, eles desfazem a ideia de que poderia haver um pai perfeito e ideal. Eles tentam o melhor que podem para nos ajudar a crescer.

Secretamente ansiamos por um homem que possa cumprir o papel que ficou por desempenhar.

Se encontrarmos alguém que tem “daddy issues”, a tentação é dizer-lhes para “crescer”, gozar com eles e – em particular – brincar com a figura “daddy” com a qual se podem ter identificado.

Esta não é uma estratégia muito sábia nem muito amável.

Simplesmente tende a enraizar a devoção – porque, sempre que somos atacados, naturalmente, sentimos mais do que nunca a necessidade de protecção de um pai idealizado.

O que realmente precisamos para ultrapassar os “daddy issues” é algo mais parecido com as acções de um pai genuinamente bom:

– Alguém que verdadeiramente reconhece o nosso sofrimento e os nossos medos, que profundamente quer o que é melhor para nós e não é relutante em dizer isso.

Mas que ao mesmo tempo – por amor – quer ajudar-nos a aceitar um mundo confuso e decepcionante.

Um homem que – por amor – nos encorajará a sermos independentes e, especificamente a não fantasiar que qualquer um, por mais imponente que seja, pode fazer o impossível.

Os bons paizinhos nos permitem suportar a verdade de que, no final, não existem “daddys”.

Traduzido e adaptado por Pedro Martins
a partir de Alain de Botton

No colo aprendi a amar

Num post anterior dei conta de um estudo da FPCE-UC onde se concluía que: “Brincar 10 minutos diários com os filhos em idade pré-escolar, sem direito a fazer mais nada em simultâneo, e de forma cooperativa, contribui para reduzir os distúrbios de comportamento, como p. ex., hiperatividade, défice de atenção, oposição (a criança opõe-se a qualquer ordem do adulto) e desafio e agressividade.”

Agora surge um estudo desenvolvido no Japão pelo Dr. Kumi Kuroda (Riken Brain Science Institute) com resultados, passe a ironia, absolutamente inesperados: os bebés acalmam quando são colocados no colo.

Durante décadas os pais foram bombardeados com dezenas de teorias estapafúrdias que ensinavam a cuidar dos filhos. Os especialistas na matéria, pediatras e psicólogos, venderam milhares de livros “revolucionando” a forma de educar. Técnicas para lidar com choros, birras, (etc.), foram desenvolvidas com base em preconceitos (e muita ciência, sempre muita ciência) e, invariavelmente, descentrando-se do principal: – A Criança .

Resultado: os pais perderam a espontaneidade e a sua capacidade instintiva de cuidar (que passa de pais para filhos).

Em vez de se desenvolver um vínculo seguro através do estabelecimento de uma boa relação – objectivo primeiro -, instrumentalizou-se a relação humana precoce.

É um exagero dizer que os inúmeros diagnósticos de hiperactividade estão relacionados com este tipo de relação, até porque muitos desses diagnósticos estão errados, mas como a sabedoria popular nos ensina: “quem semeia ventos colhe tempestades”.

Nunca imaginei poder dizer que estes estudos são muito bem-vindos, nem imaginei, sequer, que fossem desenvolvidos e que tivessem esta divulgação. Mas eles aí estão, para nos mostrarem o que já sabíamos.

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