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Psicoterapia

Acusar e Perdoar em Psicoterapia - Pedro Martins Psicoterapeuta

É Possível Perdoar?

“Acusar, perdoar e reconciliar-se.”

A origem do excesso de agressividade internamente acumulada é um complexo problema etiopatogénico, e importa saber como e porquê se constitui tal acervo de agressividade contida (raiva, ressentimento, ódio, desejo de retaliar).

Ao mesmo tempo, é preciso saber quando e de que maneira o paciente pode assumir os seus afectos constrangidos, elaborar a dor e o sentimento de injustiça e reparar os danos e prejuízos sofridos.

Como e em que tempo pode ele acusar, perdoar e reconciliar-se.

É costume ouvir-se dizer – “perdoei mas não esqueci”. Nada de mais errado psicologicamente, e portanto produto de uma convicção ilusória.

“Perdoar é necessário à saúde mental.”

O animal homem esquece, mas raramente perdoa. E simplesmente perdoar as ofensas sofridas não é a atitude psicológica mais correcta e saudável.

Contudo, o perdão é necessário à saúde mental. Como resolver então este aparente paradoxo?

Parece complicado, mas não o é de todo.

Para perdoar é preciso previamente ter acusado. Só depois de acusar, mover o processo de inculpação, é possível o perdão, a amnistia, a clemência.

Acusar não é condenar; é esclarecer.

A reconciliação com o inimigo de outrora só é viável após a libertação do ódio e ressentimento contidos.

Com falso perdão ou pseudo-reconciliação não se constrói bem-estar psíquico nem bom relacionamento.

Aquele que foi agressivo, abandonante, negligente, explorador ou desqualificante tem que ser “acusado” perante o terapeuta, juiz neutro e benevolente.

Só depois poderá ser compreendido nas suas dificuldades e patologia, e entendida a relação (interna e externa) agressiva e patogénica que com o sujeito estabeleceu.

Então, mas só então virá o perdão.

No entanto, há ofensas que não se podem nem devem perdoar – o respeito por si próprio e a dignidade a que cada um tem direito traçarão o limite do perdoável.

Nem sempre o perdão é necessário à saúde mental e, em algumas circunstâncias, pode ser inconveniente.

Bibliografia: “Mais Amor, Menos Doença” – A. Coimbra de Matos

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